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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A JAZZ HOUR AT THE PISCO SOUR HOUR - Crazy dance

And after all, the world haven´t blown up. So they say in the news. But i really want to believe, that in fact it ended, and a new one have started right away. Maybe no one knows, maybe this is something that we will only notice after sometime. We really need a new start, a new reset, something that gives us our hope back. Something that can create a balanced life, with no rush, with no need for slavery to survive, something that make our lives and our children lives sustainable.

Thinking on that, in a desperatly happy moment, i've just slided from the land to the air, dancing with someone that can lead me forward with Chuck Berry music (You can never tell). From 2012 to 2013, from a dying system to a new order, new society, new thinking built from Love & Knowledge.

So, if you are a woman
Dance with me this flight

If you are a man,
findo your woman and follow me around

Happy New Year to everybody


A Jazz Hour at the Pisco Sour Hour - Flying from nunocruz on Vimeo.

E afinal o mundo não se escafedeu, pelo menos é o que nos dizem nas noticias. Mas eu na realidade quero acreditar, que como o costume, as noticias são apenas fabricadas ao sabor da ordem instituida, e que o mundo acabou mesmo, começando logo de seguida um novo. Talvez ninguém saiba, talvez seja uma coisa que só se perceba mais tarde. Porque tenho a certeza que precisamos de um re-set, de um novo começo, de algo que nos devolva a esperança de poder ter uma vida mais equilibrada, sem capitalismos selvagens, sem pressas, sem a escravatura da sobrevivencia, enfim, uma vida mais sustentável, para nós e para os nossos filhos.

Pensando nisso, num momento de felicidade desesperada, deslizei através da terra firma até ficar suspenso no ar, dançando com alguém que me podia levar nesse instante decisivo, enlevado pela musica de Chuck Berry (You Never Can Tell). Como que derrapando de 2012 para 2013, de um sistema moribundo para uma nova ordem, nova sociedade, nova filosofia baseada no Amor & Conhecimento

Assim, se fores uma mulher
Dança comigo este momento

Se fores um homem
Arranja uma mulher e segue o meu movimento

Um ano fervorosamente melhor para todos

beijos e abraços

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A JAZZ HOUR AT THE PISCO SOUR HOUR

Lima 2012

And there i was back again in Lima for another lecture and conference. I stayed there with those lovely Luis and Inês, who took care of me with such tender that was impossible not to drop a tear drop. A week with  fine people that is digging a life in Peru, once the life in our country became unbearable (Damn the fucking politicians of our time that fuck everything they touch).
Nice people, nice time. A tribute to them, to their courage, their hope, their willing to be happy.

Hope you enjoy this jazz time with the Pisco Sour tour, BB King & Jools Holland (Pauly´s Birthday Boogie), BB King & Dionne Warwick (Hummingbird), The Statler Brothers (Flowers on the Wall) and see how a hard work can be done with a smile

P.S. People think that i´m always travelling and enjoying. Not true. I just take back with me the smiles i collect along the way


Merry, merry Christmas

E lá estva eu de novo em Lima, para outra palestra e outra conferência, sempre acompanhado, acarinhado e acolhido pelo Luis e pela Inês, que me receberam tão bem, tornando praticamente impossivel não verter uma lágrima. Uma semana, com um monte de gente boa que partiu de Portugal à procura de uma vida melhor, uma vez que a vida aqui se tornou insustentável (Raios partam os politicos do nosso tempo que transformam em "merda" tudo em que tocam).
Boa gente, bons momentos. Uma homenagem a eles todos pela sua coragem, pela sua esperança, pela sua vontade. Os Portuguese no Peru, não os politicos, obviamente

Curtam este momento de jazz na companhia dos inevitáveis Piscos, do BB King & Jools Holland (Pauly´s Birthday Boogie), BB King & Dionne Warwick (Hummingbird), os Statler Brothers (Flowers on the Wall) passeando à volta de Lima, e vejam como o trabalho se pode fazer com alegria.

P.S. As pessoas que seguem este blog pensam que a minha vida se faz sem trabalho duro. Puro engano. O que aqui se vê reflecte apenas os sorrisos que eu recolho ao longo dos meus trajectos. Alegria no trabalho não é necessariamente irresponsabilidade.

Um Natal feliz, feliz para todos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

The ISC FAMILY - Medecine for the brain

Praia dos Carneiros, Pernambuco, 2012

It was a tough time this last conference. I had travel from Peru, where in one week i had participated in VIAL conference with one paper, given one Lecture in UCP University and 16 hours of training course. Then i took the plane, travel from Lima to S. Paulo and then to Recife with my "peruvian-portuguese" friend Luis Machado, with 4 papers and a session report included in ISC conference. I had the help of Luis Machado and my good friend, the great Carlos Rodrigues, which took care of two of those papers, and i took the rest. Tyring time, which was not over yet. 

A day in Praia dos Carneiros, two old friends (the mentioned Luis and Carlos) and one brand new (Zielinsky), 7 lobsters (at a cheap price, cause money is expensive nowadays) and 16 caipirinhas, enjoying one of my favourite singers from Brasil, the great Caetano Veloso (i had the honour and the pleasure of singing in a first part of a concert of him in Coimbra in 80's), here with Maria Gadu (O Quereres) and with Chico Buarque (Você Não Entende Nada), was the perfect medicine for my poor brain and made this a happy day. Enjoy it with us. 

By night i would be in the plane again for 10 more hours of travelling (wise idea that of the caipirinhas, which made me sleep all the way), back to Peru for Economics Geology Conference (where i had 3 more papers) and for another lecture in the Colegio de Inginieros. That was the craziest week i have ever lived
One week later, i would be back to Portugal, in a shape worse than the hat of the poor man.


THE WONDERFUL ISC FAMILY - New friends from nunocruz on Vimeo.

Foi um tempo duro, esta última conferência. Tinha viajado do Peru onde estivera uma semana, participando numa conferência, a conferência VIAL, com um paper, dando uma palestra na Universidade (UCP) e 16 horas de formação geotecnica na MOTA-ENGIL Peru. No sábado apanhara o avião para S. Paulo e depois para o Recife, com o meu luso peruano amigo, Luis Machado, encontrando-me com o meu velho parceiro Carlos Rodrigues. Desta vez com 4 papers e um session report em 4 dias. Grande ajuda a dos dois, que me aliviaram a carga, apresentando dois desses artigos, onde aliás eram co-autores. Cansativo. Tão cansativo que a determinada altura tornou-se mesmo dificil manter a conversa de corredor, que exigia alguma concentração, sobretudo porque tinha de ser em inglês. 

Um dia na Praia dos Carneiros, com os dois velhos amigos mencionados (o Luis e o Carlos) e um novo parceiro (o Zielinski), 7 lagostas ao preço da chuva que o dinheiro está caro, 16 caipirinhas, flutuando ao som da musica de um dos meus musicos brasileiros favoritos de sempre, o Caetano Veloso (com enorme orgulho tive o prazer de fazer a primeira parte de um espectaculo dele em coimbra na decada de 80), acompanhado pela Maria Gadu (O Quereres) e pelo Chico Buarque (Você Não Entende Nada), fizeram um medicamento perfeito para o meu pobre cérebro e um dia mesmo feliz. Saboreiem comigo esse dia.


À noite, estaria de novo de mala às costas de volta para o Peru, com mais 10 horas de viagem (benditas caipirinhas que me puseram a dormir a maior parte do tempo), entrando na terceira louca semana com mais 3 papers na conferência de Geologia Económica e uma palestra no Colégio dos Inginieros. Haveria de chegar a Portugal, uma semana mais tarde, realmente pior do que o chapéu de um pobre.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

THE ISC FAMILY - The Joy of the Work

ISC4, Porto Galinhas, Brasil

If there is one thing i feel proud of, that is the amazing friends that i have melted with in the In-Situ Testing world. I was lucky to be in the first conference superiorly organized by Paul Mayne and since then i haven´t miss any. I was even present in that "middle" conference ( i would say the ISC 1,5) in Bali. 9 papers and two session reports make it (at least for me) a sucessful participation.  

More than that, what really makes me happy, it is not the papers, but the real good mood that one can live among all that fine, funny and Funtastic group of people, which i have never saw in any other conference. People from the field, just like me, a minor guy from the industry. I had the good fortune of meeting almost all the people i have learnt with: 

Silvano Marchetti, Paola Monaco, Gianfranco Totani, Paul Mayne, Robertson & Campanella, Lacasse & Lunne, Powell & Uglow, Jamiolkowski, Foti, Lutenneger, Puppala, Kulhawy Martin Fahey, Lehane, Schnaid, Consoli, Schmertmann, Viana da Fonseca, Coutinho, among so many others. 

And also those other friends i have made by sharing the joy of life: Carlos Rodrigues, Marcelo Devincenzi, Marcos Arroyo, Mike Long, Diego Marchetti, Luis Antoniutti, Alan McConnell, Wim, Edgar Odebrecht, Alessander Kormann, Eduardo Marques, again among so many others 

which made richer the knowledge that flew in my brain. In fact, i´m not properly young anymore, but i still believe that the emotions are the fundamental thing for a sucessful life. I guess i will die thinking that way. 

And Denise Powell, during the ISC2 in Porto (my sweet home town).put the cherry on the top of the cake, when baptized the greatest men institution that world ever saw: THE GANG of 4 (Tom Lunne, John Powell, Marcelito Devincenzi and myself)

And so, i feel happy for having the chance for presenting the post of today. I selected the music of the great Chico Buarque, which i think represents well the free spirit of ISCs. See if you agree.
    
I don´t know how it is going to be the future, especially because the world where i´m living seem completely out of  order, where the knowledge means less and less everyday. But, whatever it may happens, i am happy both with my (small) contribution to the in-situ testing domain and with the attention you have paid to me.

Many thanks for the drops of joy you always left in my soul.

I hope i have the chance of meeting you in ISC 5.

Kisses and hugs

P.S. I prepared a new site for you, where you may find everything of this life of mine (the JOB and the JOY) and all the movies organized by continents and countries in:

www.nbdfcruz.drupalgardens.com

Enjoy it.


The Wonderful ISC (on site conferences) family from nunocruz on Vimeo.

Se há coisa de que me sinto orgulhoso é desse grupo de amigos (profissionais) que fiz ao longo dos anos no mundo das Conferências ISC. Tive a sorte de estar presente no primeiro, superiormente organizado e lançado pelo Paul Mayne, e desde aí não faltei a nenhum, nem mesmo aquele intermédio (diria o ISC 1,5) em Bali. 9 papers e duas session reports fazem uma participação de sucesso (pelo menos para mim).


Mais do que isso, o que realmente me faz feliz, não são só os papers, mas o fantástico ambiente que se vive no meio de gente tão boa, tão generosa e tão divertida, que não vi em mais nenhuma conferência onde tenha estado. Pessoas de campo, como eu, "gajo da industria". Além disso, considero ainda a sorte de ter conhecido praticamente todas as minhas principais referências...
... Silvano Marchetti, Paola Monaco, Gianfranco Totani, Paul Mayne, Robertson & Campanella, Lacasse & Lunne, Powell & Uglow, Jamiolkowski, Foti, Lutenneger, Puppala, Kulhawy Martin Fahey, Lehane, Schnaid, Consoli, Schmertmann, Viana da Fonseca, Coutinho, entre tantos outros, . 

bem como esses outros amigos com quem compartilhei a alegria de um trabalho bem feito...
...Carlos Rodrigues, Marcelo Devincenzi, Marcos Arroyo, Mike Long, Diego Marchetti, Luis Antoniutti, Alan McConnell, Wim, Edgar Odebrecht, Alessander Kormann, Eduardo Marques, outra vez, entre tantos outros.

Em conjunto, fizeram mais rico o conhecimento que transporto comigo no meu cérebro. De facto, já não sou propriamente jovem, mas continuo a acreditar que as emoções são a coisa mais fundamental para uma vida de sucesso. Penso que isso será assim até ao último dos meus dias.


Não posso também deixar de comentar a cereja no topo do bolo posta pela Denise Powell quando, no decurso do ISC2 no Porto, baptizou a maior das instituições que o mundo alguma vez viu. O gang dos 4 (o Tom Lunne, John Powell, Marcelito Devincenzi e eu próprio). 

Por isso, sinto-me feliz por poder apresentar o post de hoje, para o qual selecionei musica do grande Chco (Buarque), que eu penso estar alinhada com o espirito que se vive neste meio. Vejam se concordam.

Não sei onde é que toda esta vida irá parar, sobretudo porque o mundo em que me movo está completamente descalafrado, onde o conhecimento vale cada vez menos. Mas independentemente do que possa acontecer, sinto-me feliz pela contribuição que tive oportunidade de deixar no mundo dos ensaios in-situ, bem como pela atenção que me vem sendo prestada.
    
Abraços para todos pelas gotas de alegria com que me encheram a alma
Espero poder estar presente no próximo ISC.

P.S. Para aqueles que apreciam as coisas que vou fazendo, preparei um novo site onde pus toda a minha vida. Profissional e de lazer. Com as viagens, agora organizadas por continente e país de aventura. Esp 

www.nbdfcruz.drupalgardens.com

Espero não defraudar

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ISLANDS OF HOPE - The joy of Life

Santiago, a farewell party

I have been to weeks in Cape Verde working tasting really nice people and its beautiful nature. This time i was lucky to fall within a group of brave people that is looking for a life in that country, sometimes far away their beloved ones, other times turning the needle to a brand new life. I felt touched by Leites (or Mouriscas),  Givá & Salima, Tectus, Bacchus, Carabineiro, Goia, the Good Tomé (who opened his door to the magnificent party on the diaporama), o Meireles, Pedro & Diva, Paula, Vanda and all of those that cross the steps with mine and have me as one of them. Thanks very much for a nice time.
This time, the end of adventure party at the best of the Obelixian style, went on in the adventure land and not (as it is usual) in the town i have always returned. With the best sound of Tito Paris (Tchapéu di Paja and Febre de Funana), bringing the joy of Cape Verdian parties, illustrating perfectly the history of Secundino & Solange.

P.S. I want to especially share this adventure with Julieta, the friend that takes care of a lot of my travels. For her to have a feed-back on what she helped to build.



ISLANDS OF HOPE - Life is to Taste, not to loose from nunocruz on Vimeo.

Estive duas semanas em Cabo verde, trabalhando, saboreando as pessoas e a sua natureza. Desta vez tive a sorte de cair no seio de um grupo de gente valente que faz pela vida naquele país, por vezes longe dos seus, outras vezes virando a agulha para uma nova vida. Adorei esse convivio com o Leites (ou Mouriscas), o Givá e a Salima, o Tectus, o Bachus, o Carabineiro, o Goia, o bom Tomé, o Meireles, o Pedro e a Diva, a Paula, a Vanda, enfim com todos aqueles que comigo se cruzaram e me acolheram como um dos seus. Foi um prazer poder compartilhar vidas nesse curto espaço de tempo. Obrigado a todos pela boa estadia que me proporcionaram.
Assim, a festa do fim da aventura, ao melhor estilo Obelixiano, desta feita decorreu no local de partida e não no de chegada como é habitual. Ao melhor som de Tito Paris (Tchapéu di Paja e Febre de Funana), trazendo para dentro a alegria da festa Cabo-Verdiana, ao bom estilo da história de Secundino e Solange. Espero que tenham gostado


P.S. Dedico igualmente esta história à minha amiga Julieta que me trata de muitas das viagens que vou fazendo, com destreza e eficiência. Para que possa divertir-se com aquilo que ajudou a montar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ISLANDS OF HOPE - Love to love you

S. Nicolau

Traveling side by side with Solange, in the plane to S. Nicolau, Secundino was hit by the singular beauty of Solange, which complemented in perfection her sweet voice. Dark, blond and with green eyes, she couldn´t hide their origins, which certainly would come from the incredible Duque of Montrond (a french noble that settled in the island in XVI Century), who melted their genes with aficans giving raise to an incredible and unique beauty in the whole world. Within the half an hour that takes the plane from Sal to S. Nicolau, Solange told him how she was born and lived in S. Vicente (also known as the Music Island, which seemed to mark her own music soul) until, pushed by a romantic impulse, she had decided to go after her origins and settle in Chã das Caldeiras, living upon the wine (also introduced by the Duque) and guiding expditions to the Volcano, allowing herself to live in complete freedom of attitudes and feelings.

On his turn, Secundino as shared his doubts about the invitation he had received to be a lecture in Lisbon University and was about to go when they first met in Sal. Truly, it was a good offer to his life, but he couldn´t avoid thinking on the lack of joy he always have seen (when studying in Lisbon) in the cape-verdian fellows living there that seem to steal their african essence. More than that, he could´t believe in the Europe that claiming to bring civilization to Cape Verde, had made them slaves to America and S. Tomé (incredibly supported by the church), trown them to concentration camps in Tarrafal, taking their health and sucking their lifes. He couldn´t feel hate, because his heart was not made for that, but could hardly believe in those rotten elites, which when pushed back to their own countries, were now sucking their own people. Good Future, Bad Life.

In that same night, they were taken to remember the odissey of the slaves forced to work in S. Tomé, imortalized by the words of Armando Zeferino Soares, in that most well known music representative of the island - Sodade. Unforgettable night for both, listening to that music sung by Tito Paris (firstly) and followed by Cesária Évora & Bonga, in the most famous cafe of culture of the island, in the central garden. They had also been touched by Mayra Andrade (Regasu), which put their hearts on fire. Later, in the hotel (Pensão Santo António) of a common friend, Sr. Manuel, who had given them the best room with view to the central plaza, they have loved each other until exhaustion and felt asleep singing together Sodade. The next days were a sucession of travelling around and making love, more and more intensively, melting their bodies and souls, leading Secundino to definitively change his life path. Solange had crossed his way, wakening him up to another type of love, besides the one he had inherited by his own family history ( the history of Tito & Maria told in Santiago episode). With no question, he would embrace a life with Solange, staying in Cape Verde. In peace, in harmony, with joy, flirting with life.  

ISLANDS OF HOPE - Love to Love you from nunocruz on Vimeo.

Sentado ao lado de Solange, no avião para S. Nicolau, Secundino embasbacara-se com a sua beleza que complementava na perfeição a sua voz. Mulata, loira e de olho verde não enganava as suas origens que certamente remontariam ao incrivel Duque de Montrond (cidadão francês que se radicara na ilha do Fogo, em Chã das Caldeiras, no Séc. XVI), que misturara os seus genes com os genes africanos, gerando uma beleza impar na história do mundo. Na meia hora de voo que medeia entre o Sal e S. Nicolau, Solange contara-lhe que nascera em S. Vicente (também conhecida como a Ilha da Música, como que marcando o designio da sua voz), filha de mãe do Fogo e pai de S. Nicolau, e aí vivera até à idade de zarpar de casa, quando decidira num impeto romantico ir atrás das origens e instalar-se definitivamente em Chã das Caldeiras, vivendo da cultura da vinha (igualmente introduzida pelo Duque) do famoso vinho do Fogo, o Manecom, e como guia de expedições ao Vulcão. permtindo-se assim a uma liberdade plena nas atitudes e nos sentimentos. 

Secundino contara-lhe que recebera um convite para leccionar na Universidade de Lisboa onde estudara, mercê da sagacidade e inteligência demonstrada, ao qual acedeu, embora sentindo alguma angustia que lhe causava hesitação. Na verdade, a oferta era boa, mas não gostara muito da vida sofrida que observara nos seus conterrâneos ali emigrados, da falta de côr, de alegria, de vivacidade que lhes roubava a essencia africana. Bom futuro, mas má vida. Reconhecia as possibilidades que a europa lhe oferecia, mas não deixava de pensar que a mesma europa, a coberto de levar a civilização ao seu país natal, escravizara o povo, apoderara-se-lhe da riqueza e muitas vezes lhes sugara a vida. Lembrava histórias dos seus antepassados enrolados no trafico de escravos para a América e para S. Tomé (que incrivelmente se estendeu até ao Seculo XX com o beneplacito da igreja), das vidas de servidão, da prisão do Tarrafal. Ele não sentia ódio, que isso não estava na sua maneira de ser, mas acreditava pouco nessas elites podres, que agora empurradas de volta para o seu canto, começavam a escravizar o seu próprio povo. 

Nessa mesma noite, recordaram a odisseia dos conterrâneos forçados ao trabalho escravo em S. Tomé imortalizada através das palavras de Armando Zeferino Soares naquela que é a canção que mais imortaliza a ilha - Sodade.  Noite memoravel ouvindo as palavras cantadas por Tito Paris (primeiro) e Cesária Évora & Bonga (depois) no café da praça central, ponto alto de convivio e de cultura da ilha. Ouviriam ainda a novel Mayra Andrade (Regasu) que acabou por lhes aquecer definitivamente os corações. Mais tarde, já na Pensão Pensão Santo António, do Sr. Manuel, amigo de ambos que num sorriso cumplice lhes arranjara o melhor quarto da pensão virado para a praça principal, amaram-se até à exaustão, até que ambos adormeceram entoando em unissono (ele também tinha a musica dentro de si) Sodade. Seguiram-se dias de passeio, de amor cada vez mais intenso à medida que o sexo se entranhava pelo corpo dentro e se mesclava com um amor mais profundo, levando definitivamente Secundino a inverter as agulhas da vida. Solange surgira-lhe no caminho, despertando-lhe um outro amor para além daquele que adquirira por herança da história deTito & Maria (ver episódio de Santiago). aliviando-o da angustia na escolha do partir ou do ficar. Definitivamente, ficaria em Cabo Verde, juntando a sua vida com a dela. Em paz, em harmonia, em alegria, flirtando com a vida.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ISLANDS OF HOPE - Flirting with life

Sal, Cape Verde

Secundino had loved Solange even before meeting her.
The history had started with those usual tricks that everybody that travels by plane in Cape Verde is used to. A delay in the depart from Santiago made him lose the plane to Lisbon, to where he was going chasing an opportunity that he had created with some persistence. As a consequence, he was thrown to one of those inumerous resorts of the island while waiting for the next flight, that would be in two days. With the calm so typical of him as of any cape-verdian soul (that seem to accept everything in a cool mode, even if a piano just fall in front of them), he slided to the beach for a swim and stayed there enjoying time until he noticed the moon already so high. In his way to the restaurant for dinner, suddenly he was assalted by a voice that penetrated deep in his soul, which he then followed the voice by instinct until the bar of the hotel, where he saw a young girl singing between friends. Not knowing exactly what doing, he seated there losing the notion of time, until the group left the place. In the way out she had launched a smile towards him ((later she would tell him that she was really amazed with him staring at her from the first moment, as a statue), and by instinct he followed the group until her room.
"Do I see you tomorrow?", he heard himself asking, anxious about the answer. 
"At 9.oo at breakfast. I have a plane to S. Nicolau at 11.00", she answered, always with this magnificent smile.
Secundino went to his room and felt asleep "lullabied" by that voice that entered in his life to never go way. He woke up a couple of hours late with that happy anxiety, having that deep feeling never experienced before. Pure, inocent, even childish, far beyond the love of the legacy that had shaped his own life.
And at 9.00, he was already seat in the breakfast saloon (with the sound of Mayra Andrade-Li Dente é Tchéu), with a plane ticket number to S. Nicolau in his pocket, the trip to Lisbon definitively aborted and the conquered opportunity lost for good...   


ISLANDS OF HOPE - Flirting with Life from nunocruz on Vimeo.

Secundino amara Solange ainda antes de a conhecer. 
Tudo começara numa daquelas peripécias habituais de quem depende do transporte aéreo cabo-verdiano para se movimentar. Um atraso na saida de Santiago fizera-o perder o voo para Lisboa, para onde ia com o fito de atacar uma oportunidade que lhe surgira. Em consequência, fora atirado para um dos incontáveis resorts da ilha, enquanto aguardava a próxima ligação, daí a dois dias. Com a genuina alma cabo-verdiana (que parecem sempre aceitar sem stress o que vai ocorrendo, mesmo que um piano lhes caia à frente), deslizara calmamente para um mergulho na praia, distraindo-se depois com as horas, "acordando" com a lua já alta. Passara pelo quarto para uma banhoca e já a caminho do restaurante sentira de súbito uma voz que lhe estarrecera a alma. Estacou, procurando saber de onde vinha aquela voz de sereia que o fazia vibrar incontrolavelmente, tal a intensidade melódica, e que lhe parecia conhecer desde há muito. Estugou o passo e seguiu-a até a encontrar no bar do complexo, cantando entre amigos. Sem ter noção do que fazia, deixou-se pura e simplesmente ficar por ali. Mandara vir qualquer coisa quando o empregado se lhe chegou, mas só muito mais tarde repararia no prato colocado na sua frente. O tempo parara simplesmente inundado por aquele prazer imenso que o assaltara, ficando assim ali até ao fim da noite. Já à saída  ela lançara-lhe um sorriso (mais tarde disse-lhe que ele esteve fixo nela desde que entrara no bar), e ele guiado apenas pelo instinto saira atrás seguindo-a (e ao restante grupo) até ao seu quarto. 
Vejo-te amanhâ?, perguntara-lhe inquieto e ansioso com a resposta. Sempre sorrindo, ela acenara que sim. "Às 9.00, que tenho avião às 11 para S. Nicolau". 
Secundino adormeceu embalado por aquela voz que lhe entrara para não mais sair. Acordou umas horas depois com essa ansiedade feliz que lhe assolava a alma e que lhe fazia sentir uma coisa lá dentro que nunca experimentara antes. Pura, inocente, infantil, bem para lá do amor de herança familiar que lhe fizera a vida. 
E ao bater das 9.00  já estava ele sentado com um sorriso inquieto no salão do pequeno almoço, ao som da Mayra Andrade (Li Dente é Tchéu), com um nº de bilhete para S. Nicolau na mão, a viagem para Lisboa definitivamente abortada e a oportunidade de vida conscientemente abandonada... 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ISLANDS OF HOPE - The Power of Music

Fogo, Cape Verde

Solange truly believes in her soul that comes from the music. Descending from a lot of different artists (originary from very different places of Africa and Europe) that crossed the times with Violão, Viola, Cavaquinho, Gaita or percussions, living with intensity either the hunger or abundance, the joy or sadness, the freedom or, in its absence, breathing through it their own mind sanity. Solange inherited all that, mixing the various flavours inside herself, and living it in a so deep instinct, responsible for its own existence. In that sense, she can speak any dialect, from Morna to Coladera, Colá, Funaná or Tabanca, couloring its day by day with adequate music, as if it was a good movie. The history of her family, melting perfectly with the history and origins of the Cape Verdian music, crosses the multi-culturality arising from the different (African) origins that step on the island during slavery times and settled for good, or the rooths from the Portuguese Colonial Empire, which bring the european culture of music, although trying (without success) to clean african music out from the society. In Solange’s souls, attitude and life, all these influences are imprinted, giving brightness to her heart and a gracefulness to her voice. Many times, friends tried to convince her to embrace a singing career, but she have always refused, saying:

“I’m not an artist, like Cise (Cesária Évora), Tito (Paris) or Mayra (Andrade). No, I have not that soul. The music is just my way to breathe, to speak, to live happily ever after. I would lose my smile and my life, if i give it to sell. A kind of prostitution, I would say”.

As so, she lives in the big crater of Fogo Volcano (1700m height), renting the roof and guiding tourists or professionals up to the immense cone that rises up to 2800m height. Music gives her the happiness she needs, as much as any money, to have a sustainable life. Because my soul completely understands her way, the music, the emotions and happiness coming from them, I went to her to guide me to the top of the volcano (which undoubtly I had to climb). Unfortunatly, that was not possible due to her own schedule, but she invited me to stay in her house and found out a nice guide, Nézito, to go with me. By dawn, I was climbing this tiring and huge path (1100m in 3 hours) of tears of rock and boulders coming down from the top of the volcano, with our late night conversation in my mind. At the top, the usual flavour of the conquest (i´ve been at the top of some volcanoes up to now… Pacaia, Orizaba, Copahue, Etna and “our” volcanoes in Azores), but this time I was caught by surprise in the way back. An astonishing running down the hill over a 800m height (the first 300m are in rock massif) and steep dune of volcanic sands, as you can see in the movie. FUNTASTIC. Hearing in my mind her voice singing Lua nha testemunha (Cesária Évora) and Poema Tropical (Tito Paris), all the way up and down.


ISLANDS OF HOPE - The Power of the Music from nunocruz on Vimeo.

Solange acredita muito na alma que lhe vem da música. Descende de uma plêiade de artistas que cruzaram os tempos, ora com violão, com viola, cavaquinho, gaita ou percussões, vivendo com intensidade a fome e a fartura, a alegria e a melancolia, a liberdade ou, na falta dela, respirando através da música a sua sanidade mental. Cruzando os percursos da história do arquipélago. Solange sempre tivera a musica dentro de si, desde a mais tenra infância, num instinto tão profundo que lhe dava a existência. Nesse domínio falava qualquer dialecto, desde a Morna à Coladera ao Colá, Funaná ou a Tabanca, permitindo-lhe colorir o seu dia a dia com a musica adequada ao sentimento que lhe vai na alma, como se de um filme se tratasse. A história da sua família, toda ela dada à música, talvez misturando-se com a própria história da musica de Cabo Verde, atravessa a miscigenação musical das imensas culturas, desde as de origem africana que ali se cruzaram no tempo dos escravos e por ali perduraram, até aos tempos do império colonial Português que trouxera a musicalidade europeia, embora tentando (em vão) apagar as primeiras (africanas) do registo social. Na sua alma, na sua atitude e na sua vida jaziam todas essas influências que lhe coloriam o coração e davam graça à sua voz. Muitas vezes a tinham incentivado a seguir uma carreira musical, tal a qualidade e originalidade da sua voz, recebera mesmo convites da América e de Portugal para iniciar uma carreira (através de amigos que lhe cruzaram os passos), mas Solange sempre recusara dizendo:

“Não, eu não sou artista. Não tenho alma de artista, apenas a alma da música. A música é a minha forma de falar, de respirar, de viver feliz. Perderia o meu sorriso e a minha vida se a pusesse à venda. Seria uma espécie de prostituição.”
Por isso vive na cratera grande do vulcão do Fogo (a 1700m de altitude), alojando e guiando turistas ou profissionais até ao imenso cone que se eleva desde a sua casa até a uns incríveis 2800m. A música dá-lhe a felicidade, que precisa tanto como do dinheiro, para viver sustentadamente. Porque a minha alma sente com facilidade isso tudo, a música, as emoções e a felicidade que delas advém, procurei Solange para me levar ao topo do vulcão, que inquestionavelmente tinha de subir. Infelizmente já tinha o tempo marcado, mas deu-me guarida por uma noite, e arranjou-me um guia, o Nézito, para me acompanhar. Pela madrugada encetei a impressionante e estafante subida (1100m em 3 horas) sobre as lágrimas de rocha e pedregulho que descem do topo do vulcão, acompanhado dessa conversa sob o luar com a Solange na noite anterior, numa impressionante imagem de sincera felicidade. No topo, o habitual sabor da conquista (já subi a uma boa série de vulcões, o Pacaia, o Orizaba, o Copahue, o Etna, os do nosso Açores, entre outros), mas depois fui surpreendido pela descida, essa sim verdadeiramente diferente. Contrariamente ao costume o ponto alto desta expedição não é atingir o topo, mas a sua descida numa impressionante correria sobre areias vulcânicas. Cerca de 800m (o primeiro terço da descida é em rocha) de “duna” de areia solta e com inclinações impressionantes, como poderão ver no filme. FUNtástico. Com a musica da Cesária Évora (Lua nha testemunha) e do Tito Paris (Poema Tropical), imaginado-a pela voz da Solange.

sábado, 6 de outubro de 2012

ISLANDS OF HOPE - Melting Bloods

The history can be told in a couple of sentences, with the intensity with only simple things can achieve.
They were grown together. Maria, white skinned, daughter of a rich land owner, and Tito, a black son of a servant of the house. Red, the blooth of both, that sustained their life together, with laughs, immense adventures, ideals and everything that can come up from the ingenuity so typical and so good of childhood and youth. And one day, unavoidably, a child was generated from the love of both. Maria´s father, a decent and fair man, lost control and killed Tito, shooting his head, in a instinctive instantaneous decision…

Maria give him back to the same ground they´ve always stepped within their happiness, sadly smiled at is father one last time and moved on to the interior of the island to give birth to the first mestizo in Cape Verde. Facing love and the hate, grief or sorrow, she had the freshness of spirit to decide for the earlier. Although she never have met him again, Maria loved is father until her final breath, melting him with Tito in her heart. And by heart she thaught is son Amor (Love, in Portuguese) to leave his life.

The father, somehow following this spirit, after overcoming the sorrow and the guilt, has dedicated is money and his life freeing slaves and fighting racial discrimination. He would die assassinated defending a slave. In the exact moment he was dying he knew he had honoured Tito e Maria.

Amor had received all this love in his soul and flew it through their future generations, not missing a single one. Until Secundino, the guy that in one afternoon set there in Cacuto (Santiago Island) having some beers (Noivas) and told me this magnificent story with the pride of descending from that love and to be a vehicle for its spread around.

I was overwhelmed by this history that in a way follows the history of Cape Verde. Born from slavery trade with some dark spots of suffering in colonial times, such as Tarrafal concentration camp (which ironically is located in a very beautiful and peaceful piece of nature), this people have known how to flourish the land they loved and at the end they have conquered their right to it. These were the true settlers of the archipelago, as their history proves. And they made a very beautiful country, marked by colour, music and joy, where the hate frequently drowns. An all of those that wanted to take without giving, remain more and more with nothing, as it happens with us, Portugal, actually.

It seemed perfect to choose the music of Mayra Andrade (Dimokransa), Cesária Évora (Bondade e Maldade) e Tito Paris (Morna P.P.V), singing the society and the human heart. With the mind (in the wise words) and with the heart (music).


ISLANDS OF HOPE - Melting bloods from nunocruz on Vimeo.

A história conta-se em duas penadas, com a intensidade que só as coisas simples podem almejar atingir.

Cresceram juntos. Ela, Maria, branca de raça, filha de um abastado proprietário agrícola português, Ele, Tito, negro de cor, filho de uma criada da casa. Vermelho, o sangue de ambos que os levara a crescer rindo (juntos), nas imensas brincadeiras, aventuras e ideais, que surgem da ingenuidade (tão boa) própria da meninice, adolescência e juventude. E naturalmente, inexorável um amor cresceu até que um dia a gravidez apareceu. O Pai, pessoa justa e generosa, descontrolara-se com a situação, matando Tito com um tiro na cabeça desferido num instintivo instante decisivo…

Maria, devolveu Tito à mesma terra onde as suas vidas tinham germinado e com um último sorriso triste atirado em direcção ao pai abalara para o interior da ilha para dar à luz, longe dali, o primeiro mestiço da ilha. A esse filho, nascido daquele amor tão bom que lhes misturara os sangues chamara-lhe Amor. E ensinar-lhe-ia a vida no amor, na bondade, na partilha, na tolerância, na solidariedade afogando todo o ódio que dali pudesse resultar. E embora não o voltasse a ver, amara até ao fim dos seus dias o pai que lhe roubara o amor, misturando-o com Tito no seu coração, e a amar ensinara também Amor.

O pai, como que seguindo o desígnio de Maria, após o luto da dor e do desespero, aceitara as circunstâncias do que aontecera, e com amor dedicara a sua vida e o seu dinheiro a combater a escravatura e a discriminação racial. Acabaria a morrer para salvar um escravo, sentindo no momento em que morria, ter honrado a Tito e Maria.

Amor receberia toda essa vida das mãos de Maria encarregando-se de a fazer fluir para a sua descendência, o que viria a acontecer, de geração em geração, sem falhar nenhuma. Até chegar a Secundino, aquele que num final de tarde se sentara comigo beberricando umas cervejitas “noivas”no Cacuto (Ilha de Santiago) e me contara esta história com o orgulho de descender desse amor e de poder manter vivo o legado de Maria.

Eu senti-me estarrecidamente embebido por aquela história, que afinal se confunde com a própria história do País. Com efeito, o arquipélago era absolutamente despovoado de gente quando os Portugueses ali se instalaram e fundaram a primeira cidade europeia nos trópicos – a Ribeira Grande, na ilha de Santiago. A cidade, e depois o arquipélago, foram construidos muito à custa do mais hediondo dos crimes da história da humanidade – a escravatura (incrivelmente suportado pela própria igreja), foi alvo da cobiça dos piratas (Francis Drake andou por ali), viu novamente a história marcada por outro impensável “feito” do ser humano – a limitação da liberdade humana no campo de concentração do Tarrafal (ironicamente instalado numa zona de inegável harmonia e beleza). Mas foi sobre esse sofrimento dos difíceis traços históricos que se deitou o amor à terra e daí desabrochou um país identitário com quem realmente o fez. Eivado pela côr, pela música, pela alegria em que os ódios acabam sempre por se afundar. Não posso deixar de pensar no contraste dessa evolução histórica com o momento actual dos povos (como o nosso) que os escravizaram e colonizaram e que mercê de tanto quererem tirar se vão quedando sem nada. Talvez por todo este contexto, me pareça apropriado usar as palavras e o coração cabo-verdiano. Mayra Andrade (Dimokransa), Cesária Évora (Bondade e Maldade) e Tito Paris (Morna P.P.V) cantam a sabedoria insuspeita que emana dessa história projectada na sociedade, no ser humano e no sentimento (respectivamente). Nas letras com a razão, na música com a emoção. Tão cristalino, não é? (Se não entenderem a letra procurem as traduções, que valem mesmo a pena).

sábado, 29 de setembro de 2012

ISLANDS OF HOPE - The Adventure of Emigration

Aljezur, 1461

Dificult life in Portugal, in this year of 1461, XV Century. A group of 20 young people from my home land, decided to say yes to the call of prince Henry, to settle down the first european city in the tropics, Ribeira Grande in the island of Santiago, Cape Verde, discovered 5 years before. Looking for a better life, since the one we have is no good for a long time.

A farewell party, in the honour of the brave sons of the land, who depart with dreaming with sucess and the fear of failure. Stories that will go, some tragic, other beautiful, and other with an uncertain future. Stories of love, adventure meaning for a life jump or a life cut in two halfs. People that we leave behind with promises of coming back or a future call to re-union. That´s  the way emigrant life undergo. Only later we will know if it was a good or a bad move. I look one last time for my land, the firends and loves we have conquered spend a last time with us, a last night with love and tears that grab us to the land and a bbeautiful music that call us to move to there (Que Vida of Tito ParisMar Azul of Cesária Évora, masters of Cape verde music). We shall see.

Vida difícil neste quartel do Séc. XV, ano da graça de 1461. Um grupo de 20 jovens da minha terra natal, entre os quais eu me incluo, decidimos abalar nas naus portuguesas com destino às ilhas de Cabo Verde, para ajudar no seu povoamento e procurar uma vida melhor, que esta já não tem jeito. Uma chamada do Principe Henrique para estabelecer na Ribeira Grande (Ilha de Santiago), aquela que será a primeira cidade definitiva erigida pelos europeus nos trópicos

Uma festa de despedida à maneira, em honra dos filhos da terra, que corajosamente partem em busca de uma vida melhor. Com sonhos de sucesso, com o medo de falhar. Histórias que se desenrolarão, umas trágicas, outras lindas, outras ainda de destino muito incerto. Histórias de amor, de aventura, de saltos de vida, de vidas cortadas ao meio num misto de mêdo e de coragem. Pessoas que ficam para trás, que mais tarde se reencontrarão entre lágrimas de alegria, outras que embora prometidas, se cortam ali para não mais se cruzarem, outras ainda que ali terão inicio. É assim, a partida do emigrante, plena de incerteza e contada na aventura de vida de cada um. Umas perdem-se, outras ganhar-se-ão com o movimento que agora se inicia. Só mais tarde saberemos o que o futuro nos reserva. Despeço-me da terra, os amigos que deixamos passam um último dia connosco, uma última noite de amor e lágrima que nos agarra cá, uma música de fundo (Que Vida de Tito Paris, Mar Azul de Cesária Évora, insignes artifices da musica de Cabo Verde) que nos puxa para lá. A ver vamos.

terça-feira, 31 de julho de 2012

MAKTOUB - Epilogue


The actual territory of Morocco was subjected to Hercinic orogeny, during the Paleozoic, then it was covered and uncovered by the salty waters of the sea, generathing thick deposits of transported and precipitated materials, which in turn were cutted by Alpine- Himalian orogeny from what the Atlas Mountains were born, separated from Rif planalt by the Taza tectonic depression. This geologic history generated a multiplicity of environments, which easily slide into each other in an incredible harmony, as it was lived by us when going down south to the desert. The last journey of this trip was exactly cross straight away from the desert to Tanger, offering the opportunity of see it all at once and having a different perspective of the country. I share that with you with my good old friend Oliver Shanti & Friends (Alhambra).
After Tanger, another complicated trip (20 hours driving to get in my bed), but it didn´t have any matter. That adventure had fill the soul. I know that I will keep supporting and interfering with Migo life for while longer, but I know that that week meant the moment when I walked with him and together we open the door for him to fly away. A magnificent moment in the life of this Nomad.

See you in the next adventure. Keep your self Happy


MAKTOUB - Epilogue from nunocruz on Vimeo.

O actual território foi submetido à orogenia hercinica, durante o paleozoico, depois foi sendo coberta e descoberta pelo mar, despejando espessas camadas de sedimentos, as quais viriam a ser recortadas mais tarde, na fase alpino-himalaica, daí resultando os alinhamentos do Atlas (Medio, Grande e anti Atlas), que a profunda depressão tectónica de Taza separa do Rif. Esta história geológica gerou uma multiplicidade de ambientes, que deslizam uns para os outros com uma incrível harmonia, que já havíamos experimentado na descida até ao Sahara. Dá-se o caso de que a última etapa em Marrocos da nossa viagem fez-se em dia e meio, partindo do deserto directo até Fez e depois na tarde seguinte até Tanger. Isto é, tinha agora a oportunidade de ver All at once, que dá naturalmente outra perspectiva. Partilho convosco o trajecto com o meu “amigo” Oliver Shanti & Friends (Alhambra).
Depois, seguira-se outra viagem atribulada, partindo às 5.00 da manhã do hotel em Tanger e só chegando ao Porto 20 horas depois. Nem vale a pena contar, mas por momentos pensei que o Jeep dos Malditos era o nosso.
Não importa contudo, que aquela aventura preencheu a alma. Sei que vou continuar a apoiar e interferir algum tempo mais na vida do Migo, mas sei que aquela semana representa o momento em que caminhamos a par, até à porta da Vida, de onde ele partirá no seu rumo. Momento delicioso na vida deste nómada.
Até à próxima aventura. Fiquem bem

sexta-feira, 27 de julho de 2012

MAKTOUB - Sliding in the Dunes


Gacel, the main individual of the novel Tuareg (Alberto Vazquez-Figueroa), which I recommend, called it the Empty Land…”a white shadow in the maps, where the temperature could boil the blood during the summer, where no bush was allowed to grow and even the birds in their migrating movements deviate from it, despite their high flight…”. A land where only the Tuaregs, especially the lonely, would dare to face. That sand with the wind as allie, in a blink of the eye, could drown entire cities, fortresses, men or camels, evolving everything within the erg. What the desert wants, the desert takes.
Naturally, it was not supposed our expedition to enter such a level of penetration. We only would like to have a small taste of that. And in reality, we were lucky by having a magnificent day to drive in the dunes and afterwards to have the possibility of being in the center of a sand storm. Following the path of a romance, I was seduced by desert forms. Then by its colours, then I felt in love with its histories, until I got lost inside it. That immense land that is always changing of colours and location, confront us with our minor scale and pushing us to our deepest essence. And how good it was to walk this track with my new friend, companion inthis adventure. MIGO. And also with Nitin Sawhney (Beyond the Skin), Moby (Natural Blues), and the musicians of Auberge du Sud (Bafana, Musique du Desert) with whom we had the pleasure to live with, during the 3 days we were around (you can see them in the movie, particularly Hamid, the guy pointing directions in the dunes). Incredible their versatility for cleaning, cooking, guiding you through the desert, having a chat with you, playing the music, and making it all as partner of yours, not as servent, giving you the possibility of really interchanging with them. GREAT TIME


MAKTOUB - Within Erg Chebi from nunocruz on Vimeo.

Gacel, personagem personagem principal da novela “Tuaregue” (Alberto Vazquez-Figueroa), que recomendo, chamou-lhe Terra Vazia, “…uma mancha branca nos mapas, onde a temperatura fazia ferver o sangue no pino do verão, onde não crescia nem o mais lenhoso arbusto e até as aves migradoras a evitavam nos seus voos a centenas de metros de altura…” Uma terra que apenas os tuaregues, em especial os solitários, se atreviam a enfrentar. Aquela areia era capaz de um momento para o outro, sob o seu manto e nos braços do vento seu aliado, afogar cidades, fortalezas, oásis, homens e camelos, tudo transformando em mais uma dos milhões dunas do erg. O que o deserto quer para si, o deserto tira.
Obviamente, da nossa expedição não era suposto atingir tal nível de penetração. Ansiavamos apenas por um cheirinho disso tudo. E, na realidade, fomos bafejados pela sorte que nos permitiu rolar na duna num excelente dia para isso e depois assistir a uma tempestade de areia, no conforto do albergue. Como num romance, deixei-me seduzir primeiro pelas suas formas, depois pelas suas cores, depois encantei-me pelas suas histórias e os seus segredos até que finalmente mergulhei fundo no seu seio. Aquela imensidão infinita de formas que mudam de côr e de sitio, confronta-nos inevitavelmente com a nossa escala, transportando-nos para o mais profundo da nossa essência. E que bom foi, poder fazer tudo isso em passada acertada com o meu novo amigo, companheiro desta aventura. O Migo. Nitin Sawhney (Beyond the Skin), Moby (Natural Blues), e os musicos do Auberge du Sud (Bafana, Musique du Desert) com quem tivemos o prazer de conviver naqueles 3 dias (podem ver alguns deles no filme, particularmente o Hamid, vêem-no no filme a orientar o “transito”). É perfeitamente inimaginável a sua versatilidade para cozinhar, limpar, guiar-nos pelo deserto, conversar e "dar música", fazendo tudo isso com uma graça que nos fazem sentir que somos parceiros deles ali. Nem senhores, nem criados, que o deserto não é dessas coisas (para mim, nem no deserto, nem em lado nenhum devia haver disso). Espectacular. 

sábado, 21 de julho de 2012

MAKTOUB - Dunes


We woke up early in the morning, after a good and relaxing night sleep in that hotel full of poetry, had breakfast and among the usual confusion of bags in the entrance hall we prepared ourselves to move towards the Erg Chebi in the Sahara desert. Sahara is the world´s largest hot desert with 9,400,000 km2, and the third larger of we count the frozen deserts of Artico and Antartida. The dunes of the Erg Chebi are placed in the northern frontier, can reach 150m high and spread around an area of 22x10 km2. Although it is a small portion of the Great Desert, it allows you to feel surrounded by him, thus tasting the flavor of his forms and blowing our souls with his murmuring. Somehow, that was what we all members of the expedition were looking for.
The recovering the in conditions for the desert was a relieve for all giving back a smiley face, especially for Miguel who was now in conditions to enjoy one of its best interests in the adventure: Driving in the dunes. And so, with that spirit and already with the fathersonian relationship hiden behind the adventure companionship, we jump to our “camel” and moved on towards the Erg, in the company of Moby (Run on), enjoying every step of the trip, with no rush to reach the end. A good illustration of how to live our LIFE. With a no-rushing soul.


MAKTOUB - Back to the Dunes from nunocruz on Vimeo.

Levantamos de manhã cedo, depois de um sono retemperador naquele hotel cheio de poesia, tomamos o pequeno almoço e lá nos preparamos, por entre a confusão habitual de sacos e sacolas no hall de entrada do hotel,  para rumar em direcção às dunas do Sahara, neste caso ao Erg Chebi. O deserto do Sahara é o maior deserto quente do mundo (mais de 9,400,000 km2) e o terceiro se contarmos com os desertos gelados do artico e da antartida. As dunas do Erg chebi (Erg é um cordão de dunas formadas por areias eólicas) atingem alturas de 150m embrulhadas por uma mancha de 22 km de comprimento e 10 de largura. Embora constituindo uma pequena porção de todo o deserto, o erg é uma porta de entrada que permite o movimento para o interior até ficarmos completamente envolvidos pelas dunas, e assim saborear as suas formas e os seus encantos e flutuando com os murmúrios que dele advêm até tocarmos a nossa própria essência. Era isso que todos nós procurávamos, de alguma forma.
O Jeep devolvido no dia anterior pelo Abdul, em condições de participar neste movimento, deixou-nos a todos com um suspiro de alivio e um sorriso no rosto, especialmente no Miguel que poderia agora tirar partido de uma parcela importante na viagem dele - a condução aventureira. Embuidos desse espirito e já com a relação pai-filho definitivamente desvanecida por trás da de companheiros de aventura, lá nos instalamos de novo no nosso 4x4 rumando ao Erg na companhia de Moby (Run on), bebendo e saboreando a paisagem sem qualquer pressa de chegar. Uma boa ilustração do modo como deveríamos olhar a vida: Com Alma e sem Pressa de chegar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

MAKTOUB - Carpe Diem, no matter what

Erg Chegaga - Zagora

We left in the morning, while it was fresh, from Erg Chegaga to Zagora, a city located at the end of Draa valley, which is a common stop for 4x4 expeditions to the Sahara, famous even among the Dakar world because of its high concentration of mechanics specialized in 4x4 vehicles. It was to there that our jeep was sent, to Garage du Sahara, owned by an old friend (Abdul) of my companions. 250 km of tracks through a special and amazing scenery that transport you to the real sense of adventure. A travel with the companionship of Cler Achel from Tinariwen, a Malian music group. Since the day before that me and my Migo were traveling in separate jeeps, him with the health care team, me with the mechanics team. That boring misfunction had left us in foot, right in the moment that we were about to start driving in the desert. In the first moment it was like a punch in a nose, especially for Migo, which was later smoothed by the entire expedition, which made an effort to confort us, and by the amazing landscape we had the chance to travel through. I really could understand the disappointment of Migo, due to parallel situations I have been living in my professional way, after my PhD (a huge work that late become in a desert of expectations, mainly due to the world crisis). But the situation would show us that what really matters is the way and the intensity we live our moments, rather than what our expectations are. And that, depends mainly in your soul. Despite the mechanical problem, the travel was intense amazing and fantastic, and nothing really important was lost. We both understood that.
And so, we arrived in Zagora, passing by the famous plate that inform you the distance to Tombouctu (50 days), by camel or by foot, on the other side of the desert. A trip that I have been looking for to do for a long time, since the day I met Hassan, the caravan guide that took Alberto Vasquez Figueroa when he was preparing his magnificent novel (Tuareg) that tells you about the amazing culture and life of the people of the desert. He invited me to go with him. The problem is to find 50 days of holidays. At the arrival, there was our jeep ready to join the adventure again, in the garage du Sahara where we were welcome by a smiley Abdul. And from there, we calmly moved to the refreshing hotel, an oasis in the desert, that José Zambujal (Organizing board) had picked up for us, spending the whole afternoon relaxing our tired bodies in the swimming pool, while floating with Moby (Rushing).


MAKTOUB - 50 days to Tombouctou from nunocruz on Vimeo.

Abalamos pela fresca da manhã do Erg Chegaga em direcção a Zagora, localizada à saída do vale do Draa, ponto de paragem obrigatória para quem circula pelo deserto, famosa até entre os pilotos do Dakar dada a enorme concentração de oficinas especializadas em veículos todo o terreno. Foi para aí que foi o nosso Jeep, para a Garage Sahara, de um velho amigo do pessoal da expedição, o Abdul. 250 km de pista por terrenos inóspitos de uma beleza impar, daquelas que transmitem de imediato o senso de aventura, que aqui faço acompanhar com Cler Achel de um agrupamento Maliano muito famoso (Tinariwen). Desde o dia anterior que viajávamos eu e o meu Migo, em carros separados. Ele no jeep da equipa médica, eu no dos mecânicos. Aquela arreliante avaria tinha-nos apeado na entrada do deserto, logo onde seria maior o prazer da condução. No primeiro momento isso tinha sido como um murro no estômago, sobretudo para o Migo, que viria a ser amenizado por todo o “povo” da expedição que desde logo se preocupou em nos acarinhar e, sobretudo pela preenchente beleza daquele trajecto. Eu particularmente, compreendia bem o Miguel por evidentes paralelismos da minha vida profissional pós-doutoramento (uma aposta e esforço enorme na execução do meu doutoramento, que por consequência da famigerada crise que se instalou se desviou brutalmente das naturais expectativas). Mas tudo aquilo teve o condão de demonstrar que o que importa realmente é o trajecto que se fez e o partido que dele se tirou, e não propriamente viver o que se pre-determinou. E essa intensidade depende sobretudo da alma de cada um. Foi isso mesmo que aconteceu. Mau grado a avaria do carro, a viagem foi intensa, peripécica, preenchente e nada de importante se perdeu. Percebemos bem isso, os dois. Eu concerteza que ganhei muito com a camaradagem mais profunda com o Luis e a Lu. Finalmente lá chegamos a Zagora, passando pela famosa placa local que indica os 50 dias necessários para atravessar de camelo ou a pé o deserto até à outra ponta em Tombouctu no Mali. Uma viagem que anseio fazer desde há muito, quando numa passagem anterior conheci (em Tinhirir) o Hassan, o condutor de caravanas de camelos que levou o Alberto Vasquez Figueiroa nesse mesmo trajecto para ele escrever esse livro magnifico –Tuareg- que tão bem espelha a cultura e a vida desse impressionante povo do deserto. O problema sempre foi encontrar maneira de tirar 50 dias de férias, porque o convite surgiu logo ali.
Fomos direitos à Garage du Sahara para limpar filtros e pequenos consertos de ocasião, e levantar o nosso Discovery, já prontinho para reentrar na aventura. E de lá saltamos para o refrescante hotel que o Zé Zambujal escolhera para nós (na sua função de organizador), autentico oásis no deserto, onde abandonamos o corpo cansado e seco na piscina, embalados ao som de Moby (Rushing).

sexta-feira, 13 de julho de 2012

MAKTOUB - Erg Chegaga


And there were we, entering the land so desired for all the expedition mates. The troubling Dakarian routes with wide horizons and disguised tracks and the emotion of driving in the dunes, towards a very fine camping ready for us, planted in the heart of Sahara, in the Erg Chegaga. This, after some misadventures that made us loose our 4x4 vehicle and redistribute people and bags for the other 5 vehicles of the expedition. Never mind, misadventures are definitively part of the adventure, and we were promised to have it back next day in Zagora.
From that day, the strong registration is related to the movement through that magnificent and inspiring landscape as well as the people that incredibly crossed our way coming out from nowhere (so usual in that part of Morocco), until we felt down on the sand in the clearance between tends where we would sleep later. Letting ourselves to be trespassed by the sun, the sand and the happiness, emerged once again by the incredible versatile music of Nitin Sawhney (Prophesy, Footsteps e Nadia). A good fortune, the chance of simply being there. I have with me the conviction that the desert, the ocean and the iced land of Polar circle (i was there a decade ago) have something strongly in common – the possibility that those environments generate for you to be with yourself. Even if you are among other people, you will be touched by that pleasant loneliness in deepest part of your soul. As consequence, it came to my mind the rush we are forced to live nowadays, leading to a life lived in a glimpse and denying the possibility of properly tasting it. That will be not worthy. I am quite certain.
There is always a time to rush and a time to stop, a time to make the effort and a time to rest, a time to do and a time to reflect and to do it again. Think about that.


MAKTOUB - Erg Chegaga from nunocruz on Vimeo.

E ai estávamos nós, entrando no terreno tão desejado por toda a expedição. Por entre as trepidantes pistas Dakarianas com horizonte largo e trajectos pouco assinalados e a emoção de conduzir em duna, lá chegamos a um acampamento preparadinho para nós, plantado em pleno Sahara, no Erg Chegaga. Depois de algumas desventuras, que para haver aventura tem sempre de haver desventura, que nos fizeram ficar apeados (junta da colaça à vida no nosso Jeep) e obrigaram a uma redistribuição nossa e da nossa bagagem pelos restantes jeeps da expedição, lá chegamos ao Erg Chegaga. Do jeep, ficava a promessa de recuperá-lo no dia seguinte em Zagora.
Desse dia fica sobretudo registado o movimento através daquela paisagem e das gentes que nos saltaram ao caminho vindos do nada (é incrível como num terreno arido e plano onde não se vê ninguém, mal se pára, logo silhuetas andantes se recortam no horizonte) até cair na areia da “praça” central delimitada pelas tendas onde haveríamos de dormir. Indolentemente, deixamos o sol e o vento trespassar o nosso corpo e a magnífica e serena paisagem do deserto emergir nos nossos olhos até lá bem fundo na alma. Tudo, uma vez mais acompanhado com a incrivelmente versátil musica do Nitin Sawhney (Prophesy, Footsteps e Nadia).
Fluiu a conversa descontraída, o riso e a felicidade plena de simplesmente poder estar ali. Tenho para mim que o deserto, o mar alto e as estepes geladas do círculo polar (onde estive há uns 10 anos atrás) tem um ponto comum. São locais em que cada ser individual se encontra com a sua mais profunda existência. Até pode estar em grupo, que essa agradável solidão assalta-nos da mesma forma. Com efeito, a imensidão desses locais  emana uma essência que tudo atravessa até se instalar no nível mais profundo (inconsciente) do ser humano, devolvendo-lhe a identidade plena.
Um dia como esse traz à mente a pressa em que cada vez mais somos impelidos a viver o dia-a-dia, que nos consome a vida num ápice e que nos impede de saborear devidamente a nossa existência. Definitivamente, NÃO VALE A PENA DESPEDIÇÁ-LA DESSE MODO..
Há sempre um tempo para correr e outro para ficar parado, um tempo para esforçar e outro para descansar, um tempo para fazer e outro para reflectir e outro ainda para fazer de novo. Pensem bem nisso.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MAKTOUB - The world behind the Atlas


We have departed from Marrakech towards Foum Zguid, facing the amazing High Atlas, looking for a track that would feed our souls. And again dancing with Nitin Sawhney (Nostalgia andMoonrise), for me with everything to do with Morocco. Here i was with Migo (the son) sharing the life, the room, the car, the adventure. With no dogmas or conventions. Simply letting the souls to merge in freedom, with emotions alive, with love and the spirit of sharing-accepting-giving to those that cross with our souls. The happiness in every step of the way. I started this adventure I was not in the mood of representing the father role of saying one more thing, pointing another direction, painting a specific horizon, somehow always trying to have control.  Maybe, unplugging the fathersonian and let the friendship grow. My work as a father is finished. Everything I wanted to pass to him, it has been done during our previous life. The mind free, the reason and the emotion, the love and the tolerance, the responsibility and the competence, the adventure that life should be. He will know to decide what is good for him and what it is not.
And what kind of example gives my generation to theirs. A mediocre society, corrupt, with no shame at all, giving the example that crime compensate, the cheap talking works, selling friges in the Antartida is a way to go. We had in front of us the possibility of a magnificent period of sustainability, with the technological development that with intelligence we built, and that should lead us to a more sustainable, balanced and fair life. Building a world where the hard times our ancesters had to cross, was not to be repeated. Easy acess to all learning stages, justice for all, good health care, support in elderness. We dreamnt on that, started the way and suddenly, in the middle of the track… 

The only thing that have occured to us was to use the technology as a way to make a lot of money all of a sudden and we just blew the thing. Just like a child who cannot resist to swallow a full box of chocolates in the moment it is offered,and then be ill for the whole week.  

Now, there is the invoice to pay. And all the things we wanted to overcome are again pending over our own, and especially in the heads of our children. I´m really afraid that evrything ends up with everybody shooting everybody.
It is curious to notice that the global crisis of economics was provoqued by economists. To Miguel (studying economics in the university) i just have to say…
IT DOESN’T WORK. But he will know that better than me.


MAKTOUB - The world behind the Atlas from nunocruz on Vimeo.

Arrancamos de Marrakech em direcção a Foum Zguid, enfrentando o Alto Atlas e a sua magnifica e contrastante paisagem, em busca de um trajecto comum que nos enchesse a alma, embalados novamente pelo Nitin Sawhney (Nostalgia e Moonrise), cuja musica encarna perfeitamente o ambiente marroquino (pelo menos na maneira como eu o sinto).  Partilhava agora com o Migo, a vida, o quarto, o carro (cuja condução deixei para ele) e os trajectos. Sem preconceitos, sem falsos moralismos, sem planos muito marcados de contextos educativos/orientativos. Apenas deixando a alma e a mente fluir em liberdade, com as emoções à solta, com amor, tolerância e partilha pelas gentes com que nos fomos cruzando, enfim encontrando a felicidade em cada passo do caminho. À partida para esta viagem não tinha vontade alguma em representar o papel de pai aconselhando mais uma vez o filho, apontando-lhe um caminho para seguir, orientando-lhe o horizonte. Por isso não estabeleci nenhum Road-book de intenções. Não de todo. Queria apenas que fossemos duas pessoas caminhando a par num caminho com sabor a aventura, mais ou menos desconhecido para ambos. Cada um com a sua personalidade, cada um tirando o seu partido das coisas. Quiçá desfazendo a paternidade e construindo a amizade, porque o meu trabalho de pai, com ele, está praticamente concluído. Tudo o que queria verdadeiramente passar, foi sendo passado ao longo do tempo. O sabor da liberdade de pensamento, a razão e a emoção, o amor e a tolerância, a responsabilidade e a competência, e por fim a aventura que a vida deve ser. De tudo isso que lhe passei, ele saberá tirar o que lhe interessa e o que não.



Aliás, tenho reflectido muito sobre isso (antes e após a viagem) e não consigo acertar com a resposta. O que é que uma geração (como a nossa), que lentamente foi…

destruindo os valores, inertizando as vontades, afogando o pudor, eliminando as regras, comprando titulos, posições, poderes e (falsas) amizades,  enfim hipotecando o futuro da humanidade…

pode ensinar à geração seguinte que vai ter que resolver todo o problema com sacrifícios extremos?


Que exemplos dá esta geração que possam ser seguidos. Uma sociedade cada vez mais medíocre, mais corrupta, mais despudorada, dando o exemplo de que o crime compensa, a falácia dá resultado, a banha da cobra e a aldrabice são ferramentas eficazes. Tivemos na mão a possibilidade de um período áureo, com o desenvolvimento tecnológico que inteligentemente conseguimos construir e que nos deveria levar a uma vida mais sustentada, mais equilibrada mais justa. Tentando construir um mundo em que as dificuldades sentidas pelos nossos pais, e que nós próprios experimentamos na nossa meninice/adolescência, não se repetissem. O acesso ao ensino universitário, a velhice sustentada e apoiada, com qualidade de vida, a saúde para todos, a justiça para todos. Sonhamos com isso, empreendemos o trajecto, mas de repente…
…tudo o que conseguimos aspirar fazer com a tecnologia foi usá-la para fazer muito dinheiro muito de repente. Fruto de uma galopante e desmesurada ambição material, atiramos com isto tudo para um poço sem fundo desequilibrando de um dia para o outro tudo quanto tínhamos construído atrás. Que nem uma criança que não consegue resistir a comer uma caixa de chocolates inteira na primeira hora e depois fica uma semana doente.
E agora a factura está aí, para pagar todinha. E tudo quanto enumerei acima, vai cair de novo ao ponto de partida do que queremos evitar. Temo que isto vá acabar com tudo aos tiros.
Não deixa de ser curioso estarmos na maior crise económica do pós-guerra, precisamente quando o poder económico se sobrepôs ao poder politico, demonstrando uma estranha incompetência neste domínio. A ele, Miguel, que estuda economia na universidade, digo-lhe apenas…

ASSIM NÃO DÁ. Mas ele saberá isso muito melhor do que eu.

sábado, 30 de junho de 2012

MAHTOUB - Merging cultures


El Jadida – Marrakech


I said this before in this blog, Juan Filloy had said before me…
When you go on traveling, leave everything behind (town, home, things). It is useless to bring it along.
This is, for me, a fundamental rule when travelling. Otherwise, you´ll miss the culture and environment of the places you want to visit. Our trip to Marrakech, with all the group together, meant for that. A slow dive into a geographically close world, but so different in its spaces, culture and people. Opens your mind, cultivates tolerance (so needed nowadays), enlarges your horizons. In tha state, we have flown into Marrakech after a good-mood trip through a colourful landscape, perfectly integrated as a team, merging in a wonderful spot of the culture and soul of Morroco.
Truly, Marrakech is one of the most amazing African great city, merging the European, árabe and berbere cultures. It is not the capital, but for me it is. Mainly by the intense and vibrating heartbeating of the city that you can really feel in the unique square, Djemaa el Fna. I never felt anything like that in any other city. Everybody ends there. Impossible not to. If by any chance you get lost in Marrakech. Go to Djemaa and you will be found. That´s for sure.
Staying there for one complete day, it is an unavoidable, surprising and unforgettable experience. Seating there, simply drinking 1,2,3…Thé au Menthe, looking the wider sort of persons (waterman, snake games, teeth selling, story tellers and so on) where you always feel part of, drowning into the city pulse. From the early morning start in a relative rush, the arriving of the funny selling cars that slowly and gradually fill the place, apparently with free opening hour, the singing voices arising from the mosques signing the sunset, and the change to a huge restaurant, by night.
Allow me to stimulate the imaginary of 1001 nights.

MAKTOUB - A city with a living soul from nunocruz on Vimeo.


P.S. For those who want more of Marrakech, I just leave a second movie, from another trip, showing another particularly interesting side of Marrakech. Its Gardens. The Aguedal, Menara and the fantastic Majorelle, created by Jacques Majorelle (‘20s) and for while was property of Yves St. Laurent. The finest example of a refreshing place. Tuned by Matt Costa (Desire´s only flying)



Já o disse por aqui antes. O Juan Filloy também o disse ainda antes de mim…
Quando viajas, deixa para trás a tua cidade, a tua casa, as tuas coisas. Não te vão servir de nada para onde vais.

Essa é, para mim, uma regra fundamental a viajar. Caso contrário, a cultura e os traços identitários de cada povo para onde viajas, permanece oculto, distante. A viagem El- Jadida – Marrakech, já com o grupo completo, revestiu-se desse significado. Um mergulho lento para dentro de um mundo geograficamente tão próximo e tão diferente nos espaços, na cultura e nas gentes. Abrindo a mente, cultivando a tolerância (tão imprescindível de conquistar nos dias de hoje), alargando os horizontes. Embuidos desse espirito, desaguamos em Marrakech depois de uma viagem bem disposta através de uma paisagem multicor, perfeitamente integrados entre nós e sedentos de emergir na cultura e na alma do povo marroquino de que a cidade é um excelente postal ilustrado.

Na verdade, Marrakech é uma das mais belas cidades do continente africano, habituada à mescla da cultura europeia, berbere e árabe, o que lhe transmite uma alma muito característica. Não é a capital de Marrocos, mas para mim é como se fosse, sobretudo pelo pulsar sadio, vibrante e intenso que emana da Praça Djemaa el Fna, para onde tudo parece convergir. Nunca senti nada igual. Toda a gente acaba lá, de uma maneira ou de outra. Se te perderes, um dia, em Marrakech, vai para a praça e serás encontrado. Inevitavelmente.
Perder um dia inteiro do nascer do sol até que a lua já vá alta, é uma experiência Imperdível, Surpreendente, Inolvidável. Sentar por ali, simplesmente, bebericando 1, 2, 3… Thé au Menthe, observando o corropio das mais variadas personagens (aguadeiros, acrobatas, encantadores de serpentes, contadores de histórias, os impressionantes vendedores de dentes, etc), deixando-se embeber no pulsar da cidade. Do circular matinal mais apressado à chegada da parafernália de carrinhos de venda que lenta e gradualmente enchem a praça, sem hora marcada. Até ao cantar das mesquitas a assinalar o pôr-do-sol e a transformação num imenso restaurante. Com Nitin Sawnhey (Homelands) para lhe dar o tom.
Deixem-me embalar-vos o imaginário das mil e uma noites

P.S. De uma outra viagem a Marrakech, deixo um segundo filme relacionado com outro lado de Marrakech que tenho na mente. Os seus jardins, entre os quais os Jardins Aguedal, Menara e o incontornável Majorelle que é de uma frescura que até doi (construído por Jacques Majorelle nos anos 20 e mais tarde residência do costoreiro Yves St. Laurent. Para quem quiser mais. Este com o Matt Costa (Desire´s only flying)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

MAKTOUB - Tarifa - Tanger - El Jadida

The first and only time i stepped in the desert (Sahara) it was a decade ago. It was an adventure, during which an immense and intense friendship between 6 people who hardly knew each other was born and lived until today. The intensity of everything in that perfect landscape always made me wanting to go back there, with some more time in the desert. As a consequence, when came to my mind the idea of traveling in a FatherSonian adventure with my oldest kid (18 years) who is starting to flight on his own (Important time to be together, to talk and… to let him go), Morocco and Sahara were selected right away. And, proving that there is a God who cares, the opportunity came with joining 5 other 4x4 vehicules and go to the desert stepping on Dakar routes. In one day I had knew the shot, talk to Miguel and confirmed our presence. A Father and a Son, looking for the secret of life, sharing paths, thoughts, flowing and merging dreams, while sliding through the enormeous variety of landscapes that Morocco have to offer. From the green Rif, to the hills of Medium Atlas and the imponent mountains of the High Atlas until you fall in that orange-yellow of the Sahara. Not easy to do it again. Street Guru (spoken words in the overture of the movie) from Nitin Sawhney, highlights a fundamental secret of life: The Time. RadioHead (2+2=5) reveal another… challenging logics as a way to conquer mind freedom. Finally, Nitin again (Homelands), brings the will of dreaming and live upon that. I wouldn´t dare to ask for more. Just the perfect salt and pepper to our adventure. 

Picked him up at the way out of an examen (Algarve University), and with our clothing coming out from the bags we departed to Tarifa, from where we would cross to Tanger in the African continent. In there we joined the group and moved towards El Jadida, which was funded by Portuguese in 1502 and remained as Portugal until 1769. The actual historic centre of El Jadida is the old Portuguese Fort, perfectly merged in the town. In a way, the right place to start unclothing our european suit, mixing the Portuguese flavour with the Berbere aroma and getting to know each other a little better.



MAKTOUB - Sliding into the dream from nunocruz on Vimeo.

Passaram mais de 10 anos desde a primeira vez (e única) que pus os meus calcantes no deserto, neste caso no Sahara. Dessa aventura sobrou uma amizade imensa e intensa entre 6 pessoas que se conheceram então, a qual perdura intacta nos dias de hoje. Pelo que a juntar à fantástica memória de viver o deserto montado num dromedário esse elan marcou para sempre a minha memória, deixando sempre uma ansiedade (boa) de voltar a esse local, e com mais tempo.
Quando se começou a desenhar na minha cabeça uma viagem com o meu filho mais velho, (que começa agora a partir para a sua vida individual e que para mim merece um momento de conversa e reflexão a dois), de imediato me ocorreu que Marrocos seria o cenário ideal para essa aventura FatherSoniana. Nem de propósito, talvez querendo dizer que há um deus que nos ajuda a fazer coisas bonitas, eis que surge uma oportunidade de arrancar para o Deserto em 4X4 (com mais 5 veículos), nas rotas do Dakar. Avisado num sábado, em menos de 24 horas eu carimbava a nossa presença na aventura, deixando-me envolver desde logo no sonho de aquilo que eu sabia ia ser fantástico. Um pai e um filho à procura do segredo da vida, partilhando o trajecto e as reflexões, fluindo e mesclando os sonhos de cada um, enquanto deslizam pela magnífica variedade de paisagens que Marrocos oferece, desde o verde e amarelo do Rif, passando pelo ondulado do Médio Atlas e rasgando as montanhas do Alto Atlas, do lado de cá negras e verdes com os picos nevados e do lado de lá caindo para a lindíssima nua e árida paisagem amarelo/laranja/ocre, até entrar no deserto de areia. Eu e o meu Migo, de passo acertado, num trajecto comum. Talvez irrepetível. Street Guru (palavras faladas no inicio do filme. Prestem-lhes atenção) do Nitin Sawhney, revelam um segredo fundamental da vida. O Tempo. RadioHead (2+2=5) revelam outro (para mim) fundamental para a conquista da liberdade de pensamento… o desafio da lógica. Finalmente, Nitin outra vez (Homelands), traz a vontade de sonhar e viver disso. Perfeito, para início de aventura. Não ousaria pedir tanto.
E assim, apanhei-o na saída de um exame na universidade (do Algarve) e ainda de fralda de fora, arrancamos em direcção a Tarifa de onde atravessamos para o continente africano (Tanger). Aí apanhamos o restante grupo e abalamos em direção a El Jadida (Mazagão), ainda hoje uma marca indelével da cultura Portuguesa em Marrocos. Com efeito, as nossa gentes fixaram-se aqui em 1502, erguendo o Forte de Mazagão que haveria de ser um grande centro de comercio e de paragem para reabastecimentos. Dois séculos e meio depois, em 1769, lá fomos expulsos pelo Sultão Sidi-Mahommed, mas para sempre lá ficou a nossa marca. O centro histórico da cidade na actualidade, perfeitamente integrado no meio. Sítio catita para começar a viagem, misturando o sabor luso com o berbere, enquanto nos conhecemos um pouco mais entre nós.