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sábado, 19 de outubro de 2013

7 SEAS - Back On Shore

From Cadiz to Lisbon

From the singing nights referred in the last episode, emerges a hymn coming out from the soul (NASCE SELVAGEM, Resistência), that instinctively we swallowed to the bottom of our souls. And after that, the end of the adventure with the given sailing certificates that all of us feel to deserve. From the bottom of our hearts. With Rodrigo Leão & Ana Carolina (Voltar, Returning)

7 SEAS - Back to Shore from nunocruz on Vimeo.

Das noites de cantoria referidas no ultimo episódio, sobressai o hino que de uma forma mais ou menos instintiva todos fomos acolhendo dentro da nossa alma, NASCE SELVAGEM (Resistência), e que aqui vos deixo. Depois o retorno a casa e o fecho dessa aventura inolvidável com a entrega dos diplomas que todos nós sentimos merecer. Do fundo do coração. Com Rodrigo Leão & Ana Carolina (Voltar) e com o texto de um membro da tripulação, o Gulherme Cobretti, à laia de epilogo...

"O conceito de aventura é, nos dias de hoje, algo vago e muito diferente daquele de há uns tempos atrás. Apanhar o autocarro 208 num final de tarde chuvoso é para muitos uma aventura; ir ver o FC Porto à Luz idem; conhecer uma rapariga numa noite comprida parece que também o é. Foi por isso que quando voltei da minha (nossa) viagem a bordo do NTM Creoula evitei ao máximo o uso da palavra “aventura”. Mas foi disso que realmente se tratou,
uma aventura, das clássicas, com principio, meio e fim.
Toda a viagem fez-se não apenas em terra e mar, mas também algures bem fundo dentro de nós. Lembro-me perfeitamente das incertezas do primeiro dia, o estranhar do ambiente e das caras tudo menos familiares. Os cheiros anormais, o chão que parecia não querer ser mais chão, e a luz. As incertezas deram primeiro lugar a uma ténue sensação de conforto, depois surgiram leves notas de coesão e espirito de grupo, que por fim se transformaram num estranho sentimento de acolhimento. Ali, entre azúl céu e azúl mar, senti-me em casa e entre pares.
Ainda em terra, a longa estadia no Porto de Leixões revelou-se o momento mais asfixiante de toda a aventura. A proximidade do mar alto, bem como o advento de dias e dias de navegação não me deixavam desfrutar daqueles últimos momentos em terra. Foi sufocante estar alí, num limbo entre casa e o mar que todos almejavamos.
Uma vez a deslizar sobre o azul marinho deu-se um continuo desenrolar de revelações e momentos que julgo serão eternos. Alguns cheiros parecem estar ainda entranhados em mim; por vezes julgo ainda ter as orelhas a arder queimadas pela sol, e há meias-noites em que sinto distintamente o cheiro de pão com chouriço pelo ar. Quando uso o meu leitor mp3 - o mesmo que usei no navio - as mais variadas músicas lembram-me momentos únicos que no navio passei. Dou por mim a associar o rap do Kanye West com a mais longa e “molhada” vigia que fiz, já num dos últimos dias da viagem. E gosto muito…
Nunca adorei estar muito tempo em casa, fechado num anfiteatro na faculdade, ou encerrado dentro de um avião numa longa viagem, e por isso lembro-me que foi imensamente estranho sentir tamanha liberdade quando confinado a um espaço tão “pequeno” como o do NTM Creoula. Mas a verdade é que me sentia totalemente livre, alí, rodeado de azul, gaivotas e golfinhos, sem internet ou telemóvel.
Antes de terminar este brevissimo ensaio sobre o ir e voltar sobre ondas no mar, não poderia deixar de dedicar umas palavras às Berlengas e a Cádiz, para muitos os climax da viagem, nem sempre pelas mesmas razões.
Aquela dia, naquela pequena ilha mágica, com as suas praias espremidas entre ravinas e os seus habitantes de rapina, foi dos melhores dias da minha curta vida, digo-o sem grande custo ou problema. O calor, os sorrisos, a boa comida e o vinho fresco fizeram-nos escorregar colina abaixo, e demos por nós num cenário idílico, a nadar, cantar e a rir.
Já chegar a Cádiz, uma cidade secular, e aportar no centro histórico, entre monumentos, pequenas torres de vigia e edificios impregnados de lendas, foi uma experiência única. Aquela antiga cidade de mercadores e velhos lobos do mar serviu de cenário perfeito para o final anunciado da nossa pequena aventura.
Uma vez em Lisboa e já em terra, ainda estavamos juntos e já a saudade começava a apertar e a moer algo dentro de nós, presumo que o coração. Fizeram-se promessas de reuniões, amizade eterna e muito convivio, mas todos sabiamos que inevitavelmente muitos de nós jamais se veriam. Mas as aventuras são mesmo assim, todas têm um principio um meio e um fim. E esta foi, decididamente, uma aventura."
Guilherme Cobretti

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

7 SEAS - Off (Drinking) Duty

And after a couple of days, with our faces full of salt, the burnt by the sun, and the soul sinking in the ocean, we finally arrived in the fantastic harbour of Cadiz, which leaves you right in the center of that city undoubtly marked by the oceans and sailors.

And just like any other sailor, the sight of shore just push us straight to the laugh and pleasure world. Come along with us and leave yourself with the fantastic voice of Luisa Sobral (Xico), singing an history of a sailor life.

Kisses and hugs

7 SEAS - Off (drinking) Duty from nunocruz on Vimeo.

E depois de uns quantos dias de mar, por vezes salteado com terra (como nas berlengas), com a face a saber a sal, a pele bem tisnada pelo sol e a alma inundada pelo oceano, lá atracamos no porto de Cadiz, com saída directa para o centro dessa magnifica e importante cidade portuária do sul de espanha, cuja vida se encontra indelevelmente marcada pelo mar e pelos navegantes. E como com qualquer outro marujo, a vista de terra e dos divertimentos que por ali se podem encontrar despertaram a "toura" que há em nós. Uma merecida interrupção na navegação para dar corda no riso e no prazer. Venham daí connosco, e deixem-se embalar com a voz e as palavras de Luisa Sobral (Xico), contando e cantando uma história que bem pode ser de marinheiros.

Beijos e abraços 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

7 SEAS - The Perfect Mix

Berlengas - Cadiz. Living in the Ocean

We left Berlengas after the sunset and we had to face two nights and one day of intense navigation.

Intense days. Continuous work of navigation, with the “crew” more prepared and familiarized with the tasks, 4 hour of “quarters” combined with general and sailing labours, accumulated with specific manoeuvers of navigation and various academic workshops, which drown us more deeply into this fantastic world that is the sea. And all happening within this unstable platform that is the ship. Teachers, students and sailors united by the same goal, shoulder to shoulder and laugh to laugh, being part of the same crew and living in full cooperation instead of competition. And at the end of the day, that tribute in the southwest corner of Portugal payed to the father of Portuguese Navigation, threw us definitively into the History of our country. Overwhelming

Intense nights. By night, the curtains went up and voices raised in the air towards the moon and the stars, singing portuguese rock songs from the 80’ and 90’ (that you have been listening throughout the movies of this story), unifying (again) the different generations that were on board around same freedom chorus (today with Homem do Leme, the Man of the Wheel from Xutos e Pontapés and Too Far from Radio Macau). Unforgettable nights that pull up the joy of university time, were nights like this were common. Not as a remembrance of the past. Only a true share of the similar moments, ideals and freedom.

This kind of trips can end in two ways. If everything goes wrong, that´s a hell of a mess. If it goes well, they usually become sublime. This latter was exactly what happen with us. Unforgetable.


7 SEAS - The Perfect Mix from nunocruz on Vimeo.

Levantamos ferro e saímos das Berlengas depois do Sol se pôr. Tínhamos pela frente uma noite de navegação seguida do dia seguinte e ainda a respectiva noite até de manhã, conforme o planning de chegada a Cadiz.

Dias intensos. Manobras de navegação em continuo, agora com todos familiarizados com as respectivas tarefas, turnos de 4 horas mais as fainas gerais, tudo em cima de formações especificas de treino de mar e vários workshops UIM (sobre o mar, naturalmente) que nos afogavam ainda mais nesse deslumbrante continente dos Oceanos. Professores, alunos e marinheiros convergindo nas mesmas tarefas, ombro no ombro e riso no riso, diluindo a competitividade por detrás da cooperação e do espírito de equipa. Uma tripulação que todos constituíam e na qual todos se reviam. Depois, a variedade de assuntos tratados nos workshops, emprestou uma riqueza de conhecimentos que a todos nos “afogou” mais ainda naquele mar. E no final do dia, aquela sentida homenagem em frente à ponta de Sagres ao Infante do mesmo nome que atirou connosco para dentro da própria História do nosso País. Empolgante, para mim, pelo menos.

Noites intensas. Pela noite baixava o “Cantar” a meio convés, sob a lua e milhões de estrelas, maioritariamente pautado pelas letras e músicas do cancioneiro Português dos anos 80 e 90 que tem vindo a acompanhar os filmes desta historia (hoje com Homem do Leme dos Xutos e Pontapés e Longe Demais dos Radio Macau, ambas cantadas pelos Resistência), unindo-se aqui, também, as diferentes gerações num mesmo coro de sentida liberdade. Tão boas aquelas noites de cantoria que arrancaram de mim a alegria do tempo de universitário quando frequentemente vivi noites daquele calibre. Não pelo saudosismo, que nem o aprecio. Apenas pela comunhão de momentos, de ideais e de liberdade.

Este tipo de viagens, em que as coisas andam nos limites, tem destas coisas. Ou dão para o “torto” e é uma confusão dos diabos ou correm bem e são sublimes. Connosco deu para a última e tornou-se inesquecível.