From Cadiz to Lisbon
From the singing nights referred in the last episode, emerges a hymn coming out from the soul (NASCE SELVAGEM, Resistência), that instinctively we swallowed to the bottom of our souls. And after that, the end of the adventure with the given sailing certificates that all of us feel to deserve. From the bottom of our hearts. With Rodrigo Leão & Ana Carolina (Voltar, Returning)
From the singing nights referred in the last episode, emerges a hymn coming out from the soul (NASCE SELVAGEM, Resistência), that instinctively we swallowed to the bottom of our souls. And after that, the end of the adventure with the given sailing certificates that all of us feel to deserve. From the bottom of our hearts. With Rodrigo Leão & Ana Carolina (Voltar, Returning)
7 SEAS - Back to Shore from nunocruz on Vimeo.
Das noites de cantoria referidas no ultimo episódio, sobressai o hino que de uma forma mais ou menos instintiva todos fomos acolhendo dentro da nossa alma, NASCE SELVAGEM (Resistência), e que aqui vos deixo. Depois o retorno a casa e o fecho dessa aventura inolvidável com a entrega dos diplomas que todos nós sentimos merecer. Do fundo do coração. Com Rodrigo Leão & Ana Carolina (Voltar) e com o texto de um membro da tripulação, o Gulherme Cobretti, à laia de epilogo...
"O conceito de aventura é, nos dias de hoje, algo
vago e muito diferente daquele de há uns tempos atrás. Apanhar o autocarro 208
num final de tarde chuvoso é para muitos uma aventura; ir ver o FC Porto à Luz
idem; conhecer uma rapariga numa noite comprida parece que também o é. Foi por
isso que quando voltei da minha (nossa) viagem a bordo do NTM Creoula evitei ao
máximo o uso da palavra “aventura”. Mas foi disso que realmente se tratou,
uma aventura, das clássicas, com principio, meio e fim.
uma aventura, das clássicas, com principio, meio e fim.
Toda a viagem fez-se não apenas em terra e mar, mas
também algures bem fundo dentro de nós. Lembro-me perfeitamente das incertezas
do primeiro dia, o estranhar do ambiente e das caras tudo menos familiares. Os
cheiros anormais, o chão que parecia não querer ser mais chão, e a luz. As
incertezas deram primeiro lugar a uma ténue sensação de conforto, depois
surgiram leves notas de coesão e espirito de grupo, que por fim se
transformaram num estranho sentimento de acolhimento. Ali, entre azúl céu e
azúl mar, senti-me em casa e entre pares.
Ainda em terra, a longa estadia no Porto de Leixões revelou-se o momento mais asfixiante de toda a aventura. A proximidade do mar alto, bem como o advento de dias e dias de navegação não me deixavam desfrutar daqueles últimos momentos em terra. Foi sufocante estar alí, num limbo entre casa e o mar que todos almejavamos.
Ainda em terra, a longa estadia no Porto de Leixões revelou-se o momento mais asfixiante de toda a aventura. A proximidade do mar alto, bem como o advento de dias e dias de navegação não me deixavam desfrutar daqueles últimos momentos em terra. Foi sufocante estar alí, num limbo entre casa e o mar que todos almejavamos.
Uma vez a deslizar sobre o azul marinho deu-se um
continuo desenrolar de revelações e momentos que julgo serão eternos. Alguns
cheiros parecem estar ainda entranhados em mim; por vezes julgo ainda ter as
orelhas a arder queimadas pela sol, e há meias-noites em que sinto
distintamente o cheiro de pão com chouriço pelo ar. Quando uso o meu leitor mp3
- o mesmo que usei no navio - as mais variadas músicas lembram-me momentos únicos
que no navio passei. Dou por mim a associar o rap do Kanye West com a mais
longa e “molhada” vigia que fiz, já num dos últimos dias da viagem. E gosto
muito…
Nunca adorei estar muito tempo em casa, fechado num
anfiteatro na faculdade, ou encerrado dentro de um avião numa longa viagem, e
por isso lembro-me que foi imensamente estranho sentir tamanha liberdade quando
confinado a um espaço tão “pequeno” como o do NTM Creoula. Mas a verdade é que me
sentia totalemente livre, alí, rodeado de azul, gaivotas e golfinhos, sem
internet ou telemóvel.
Antes de terminar este brevissimo ensaio sobre o ir
e voltar sobre ondas no mar, não poderia deixar de dedicar umas palavras às
Berlengas e a Cádiz, para muitos os climax da viagem, nem sempre pelas mesmas
razões.
Aquela dia, naquela pequena ilha mágica, com as
suas praias espremidas entre ravinas e os seus habitantes de rapina, foi dos
melhores dias da minha curta vida, digo-o sem grande custo ou problema. O
calor, os sorrisos, a boa comida e o vinho fresco fizeram-nos escorregar colina
abaixo, e demos por nós num cenário idílico, a nadar, cantar e a rir.
Já chegar a Cádiz, uma cidade secular, e aportar no
centro histórico, entre monumentos, pequenas torres de vigia e edificios
impregnados de lendas, foi uma experiência única. Aquela antiga cidade de mercadores
e velhos lobos do mar serviu de cenário perfeito para o final anunciado da
nossa pequena aventura.
Uma vez em Lisboa e já em terra, ainda estavamos
juntos e já a saudade começava a apertar e a moer algo dentro de nós, presumo
que o coração. Fizeram-se promessas de reuniões, amizade eterna e muito
convivio, mas todos sabiamos que inevitavelmente muitos de nós jamais se
veriam. Mas as aventuras são mesmo assim, todas têm um principio um meio e um
fim. E esta foi, decididamente, uma aventura."Guilherme Cobretti