Acredito, de há muito, que a vida é feita de percursos, para onde converge e donde diverge um variado e enorme conjunto de pessoas que pintam a tela da nossa vida. Umas tem mais cor, outras mais intensidade, e outras que nem se notam e fazem igualmente o quadro. A arte de viver está em saber aproveitar essas partilhas na sua essência e no momento em que elas se dão. Foi assim, com o meu titicos
Duarte (Bravo de Faria) que por várias vezes entrou e saiu (fisicamente) da minha vida, ficando de cada vez uma indelével marca na minha personalidade e maneira de saborear a vida.
A nossa história cruza-se primeiro em percursos de aprendiz. Eu aprendiz de escola primaria e o B-A-BÁ, ele um aprendiz universitário com um outro B-A-BÁ. Os dois vivendo sobre o mesmo tecto, com ele amaciando um "reino" clássico e conservador, envolto pela musicalidade e a filosofia do Flower Power. O quanto isso emprestou à minha forma de ver as coisas, com os Beatles (e esse fabuloso Abbey Road), Procol Harum, The New seakers, Simon & Garfunkel, Janis Joplin, Pink Floyd entre tantos outros. Sinto pena, por vezes, que a geração que está por detrás de tudo o que vivemos agora é exatamente essa. Quão abruptamente cairam aquelas convicções!?
Á saida deste tempo, antevendo (ou talvez lançando?) o meu espirito inquieto, deixou-me 300 postais de paises desse mundo sabendo que eu lhes daria destino, na colecção (+ de 6000 postais hoje em dia) e na mente. Depois fomo-nos vendo por aí, ate´ao dia em que me aparece com um diaporama (exatamente no mesmo formato que publico agora) na altura em que eu mudava para a fotografia digital, dando-me uma arma de comunicação fabulosa (pelo menos para a maneira como eu sou). Fiz uns quantos filmes, contei umas quantas histórias, enfim partilhei o melhor as minhas emoções, baseado nas fotografias que fui tirando por esse mundo no meu caminho errante. E no que deu isto tudo?...
...na oportunidade de fazer uma exposição diaporamica (Biblioteca Almeida Garrett, Palácio de Cristal no Porto), em que o filme na entrada simbolizava o Porto de Abrigo, de onde se parte e aonde sempre se chega) e era dele, aquele que apresento abaixo. Quão fantástico foi aquela coisa que fizemos ali. (ver agora o filme)
O Meu Porto de Abrigo from nunocruz on Vimeo.
Mas o mais estava ainda para vir.
Não sei lá porquê, porque nunca me senti merecedor, com as suas serenidade e a persistência firme, decidiu despender tempos importantes comigo na experiência da última caminhada, no momento em que o meu doutoramento se encontrava no seu términus. E a "duas mãos" fizemos os nossos filmes salpicados por conversas e passeios coloridos, lindos de morrer.
Desejei muito tê-lo no dia da minha dissertação, ele desejou muito estar lá. E por tanto desejar, nesse dia lá estava ele lá sentado, sorridente, passando toda aquela serenidade para a minha exposição. Saí-me lindamente, tá claro. Coisa linda do destino essa de fazer coincidir a data de defesa da tese com o dia do seu aniversário.
Depois disso, estivemos ainda uma vez mais juntos, num dia ensolarado de Agosto, tomando café na Brasileira e depois subindo os Clérigos até aos serviços académicos para "encomendar" o meu diploma. Mais tarde percebi que ele se despedira de mim naquele dia.
No fim de tudo, com a surpresa de sempre, vou descobrindo o embrulho que ele me deixou nas mãos para ir dando andamento, envolto pela semente que ele plantou em mim, de que...
...Com a Morte não se Chora,
Celebra-se a Vida.
De entre os filmes que "produzimos" nesse tempo de convívio, escolhi o que aqui deixo, para ilustrar o meu passeio contigo, meu titicos.
É o meu sorriso para ti. Tenho a certeza que vais gostar deste