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quarta-feira, 22 de julho de 2009

A PhD on the Road (Macau)

Macau

Uncle Peter was a cool man with tendency to laughs and good moods. I think i can understand him because in a certain way (during the period i had the same age he was when living in Macau), i used to live like that during my FUNtastic and musical student life, flying with a open mind that i never managed to repeat again. Besides, i am also a BRAVO (family) which have a strong believe in living with a smile.

Peter had left a little town (Vizela) to the obliged military service, and he soon felt down in Lisbon for the joy it has to offer. He met Chloe just before he was to be sent abroad for the portuguese colonies, under totally unexpected circunstances. He was asked to substitute a colleague in the Guard of a nation official cerimony, after a night full of game, whisky and fat cigars. As a consequence he was quite dizzy and sick with an immense dificulty of keeping the eyes opened. He fixed the first person that felt in his vision field, just for concentration, without really see her. Chloe Wong. But soon he realized the DOLL he was laying the eyes, whom was answering back to him with her eyes. In a glance, the night went on and they left the place together for a terrific week-end in a sunny Lisbon.

Without knowing why, he moved his influences and managed to be sent to Macau, strategically placed in front of Chloe. He really did not believe on that relationship, which seemed quite IMPOSSIBLE to achieve. He, although coming from a family with "Pedigree", had no money, didn´t want to run after a successful life, and didn´t consider himself any kind of a sex symbol. Chloe, with a beauty that could kill, succeful in the finantial world and with a personality that seemed to him very strong. What a mess. However, from the week end had fown an untoldable sensation of pleasure and perfect moments, maybe because they didn´t expect nothing beyond. And that was the main reason that pushed him into Macau.

They lived together for a couple of years, without chains or tomorrows. He managed to get some money from the family or catch it in the air of Macau (it is amazing the dimension of game in Macau) and so no money got between them. They built their life being together whenever they felt like to, always moving abroad and knowing just small details of their own private other life.

And so this love story has grown that way, until one day she came to Macau and told him that she had to move to London by professional solicitations. A very intense week-end came up once more, and as usual whitout good-byes or tomorrows. But, in fact, that was the last time they were together that way. They had just crossed together for a couple of times, at least one in Scotland and one in Portugal and changed some correspondence for a while, following Chloe's niece (Radisson's Singer) words.

Uncle Peter returned to Portugal and lived a happy life, based on doing the minimum enough to survive, maybe believing that wonderful piece of life he had had in China. He died with sixty something years old, in the way he had always lived. Without a defined tomorrow, enjoying each day. One night during his sleep, woke up with some anxiety, got up, called for Emilia (friend of the family who lived in the same house) and died. And i'm sure is last word was: CHLOE.

As far as i know, uncle peter never shared this history with no one in the family, keeping it for himself as a valuable treasure. And all the history has shown me how our interpretation of one's life can be so dramatically changed by the knowledge of a (apparently) small detail. I really want to say that i learn to respect and admire what he have done with his life

I walked in Macau looking for the details of this history, stepping the footprints of my uncle, with my mind feeling the music for the film. The first music "Traçadinho" (Estudantina Portuguesa) his played by the group i belong when a university student, and tells the story of a drunk man who wants to play a serenade to a girl. It has everything to do with uncle (young) peter. The second one is dedicated to their love and it is a fantastic illustration of our SAUDADE (Voltar, by A. Carolina & Rodrigo Leão)

Next week i'll be landing on Brazil, coming from the east and there i will tell you about the state of my PhD. Meanwhile i´m sending the BIG KISS to my PATRICIA VIEIRA, by her MSc. Good work

Kisses and hugs for everybody

O meu tio Pedro era um tipo descontraído com propensão para a folia e boa disposição. Eu compreendo-o hoje bastante bem porque de uma certa forma, com a idade que ele tinha quando esteve em Macau, arrastava eu a minha asa numa esfusiante vida académica plena desse tipo de espirito, rolando a vida com uma liberdade de espirito que depois nunca mais consegui repetir. Além disso, eu (tal como ele) sou um Bravo e a caracteristica mais forte da familia é precisamente a leveza bem disposta do ser.

O Pedro saira da pequena Vizela para as Caldas da Rainha para cumprir o serviço militar e logo se aprochegou de Lisboa e da mundanice que ela lhe oferecia. Conheceu a Chloe no final desta estadia, antes de ser mobilizado para o Ultramar, em circunstâncias totalmente inesperadas. Tivera de substituir um colega na Guarda de um Jantar Oficial, depois de uma noitada de cartas copos e charutos, pelo que estava um bocado atordoado e com uma dificuldade imensa de manter os olhos abertos. Sentia-se esgazeado. Fixou, por isso, os olhos numa pessoa sentada próxima para se concentrar num ponto. Era a Chloe Wong. Primeiro nem reparou bem nela mas às tantas começou a ficar atordoado com a beleza que lhe caira no raio do olhar. Que "Avião", pensou o Pedro. Nisto topa que ela também lhe devolvia com à vontade o olhar e o jantar passou num ápice até que deu com ela à espera dele na porta do Quartel e os dois juntos rolaram um fim de semana fabulástico.

O encontro com Chloe deu-se na fase em que estava para ser mobilizado e sem saber bem porquê "mexeu-se" para ser enviado para Macau que ficava mesmo em frente a Chloe. Não tinha grande crença naquilo que parecia completamente IMPOSSIVEL de ter um desenlace feliz. Ele, apesar de oriundo de uma familia com "Pedigree", não tinha um tostão e também não era muito dado a vida de grandes preocupações e cometimentos nem se tinha em conta de um bonitão das dúzias. Ela, linda de morrer, a mexer-se profissionalmente nesses meios da alta roda e com uma personalidade (parecia-lhe) marcada. Grande confusão. No entanto, ficara-lhe do fim de semana uma sensação indescritivel de prazer e bem estar, talvez por não haver para lá disso. E, no fundo foi essa história de prazer descomprometido que o empurrou para Macau.

Viveu com ela um tempo indescritivel, sem amarras, sem amanhãs, que tinha a certeza havia de ser a última imagem que veria ao chegar o fim da vida. O dinheiro nunca se meteu pelo meio. Ele depressa aprendera a desenrascar-se em Macau, com alguns expedientes adequados a um local onde o dinheiro anda no ar (é indescritivel esse lado de Macau), de modo a que nunca tivera grandes dificuldades em viajar, e deste modo tinham construido uma vida só dos dois fora de Hong Kong e Macau, sem conhecerem muito bem a outra vida de cada um.

E assim foram vivendo a sua história de amor, até que um belo dia ela lhe apareceu em Macau com a noticia de que iria mudar-se para Londres, no seu contexto profissional. E aí, explodiu um fim de semana (em Macau) tão intenso e genuino como fora o primeiro. Tal como das outras vezes, não se despediram, porque nunca havia o amanhã. Mas essa, na realidade, foi a última vez que estiveram juntos dessa maneira, embora se tenham cruzado mais uma ou duas vezes e trocado alguma correspondência segundo me informou a sobrinha (a cantora do Radisson).
O meu tio Pedro regressou a Portugal e seguiu uma vida foliona, baseada no fazer o minimo e no expediente, talvez sustentado por essa experiência que tanto o preenchera. Morreu para lá dos 60 anos, do modo como viveu toda a sua vida. Sem amanhã nenhum, aproveitando o dia a dia. Uma noite, no meio do sono, sentiu uma angústia, levantou-se da cama chamou a Emilia e morreu.
E eu tenho a certeza que nesse momento murmurou um nome: CHLOE.

Que eu saiba, nunca o meu tio contou algo sobre esta história, ou mesmo sobre a sua vida em Macau, guardando-a para si, como um tesouro incalculável. E não dexa de ser curioso como a interpretação que nós fazemos sobre a vida dos outros pode ser tão profundamente alterada pela existência de um pormenor. Foi exatamente isso que aconteceu comigo, e não tenho rebuço em dizer que na verdade fiquei com outra admiração por aquilo que ele fez da sua vida.

Andei em Macau (com o meu primo Paulo Bravo que agora também anda por lá) procurando os recantos desta história, perseguindo os passos do meu tio Pedro. E assim, a música para a situação foi entrando na minha alma. Escolhi o Traçadinho (Estudantina Portuguesa) da tuna onde toquei nos meus tempos académicos com o nobiliárquico titulo de Cavaleiro da Rua Escura porque encaixa que nem uma luva no Pedro jovem. A história deles os dois, no seu todo, ilustra-se com Voltar, do Rodrigo Leão com A. Carolina.

Na proxima semana já estarei no Brasil, chegando a Oeste vindo de Leste, onde vos darei conta do estado do meu doutoramento. Inté. Entretanto envio um enorme beijo para a minha PATRICIA VIEIRA que terminou o seu MSc com 17 valores. Muito bem. Bom trabalho

Beijos e abraços.

P.S. Despeço-me aqui dum monte de amigos que surgiram no meu caminho, no decurso deste trajecto. O Paulo, o já habitual Tó Viana, a Sara Rios e o meu amigo de peito Roberto Coutinho, com quem tantas vezes já compartilhei quarto em andanças pelo mundo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ultimamente os jornalistas usam um acontecimento real para construir uma história, tu usaste uma história que tem tudo para ter sido um acontecimento real.
Um excelente tributo àquela personagem única que tanto nos fez rir! A cereja em cima do bolo é aquela musica da estudantina que tão boas recordações me traz.
Em jeito de resumo, ao longo desta viagem fizeste-me pensar em várias coisas no Sri-Lanka, fizeste-me chorar (com felicidade) no Everest e agora fazes-me rir em Macau...
Pelo meio ainda conseguimos produzir (cientificamente) em Barcelona! Lindo!
Obrigado pela alegre companhia!
Um abraço do tamanho do mundo que tão bem calcorreias,
M

Nuno Cruz disse...

É um prazer saber que estás neste passeio comigo, meu M.