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sexta-feira, 6 de julho de 2012

MAKTOUB - The world behind the Atlas


We have departed from Marrakech towards Foum Zguid, facing the amazing High Atlas, looking for a track that would feed our souls. And again dancing with Nitin Sawhney (Nostalgia andMoonrise), for me with everything to do with Morocco. Here i was with Migo (the son) sharing the life, the room, the car, the adventure. With no dogmas or conventions. Simply letting the souls to merge in freedom, with emotions alive, with love and the spirit of sharing-accepting-giving to those that cross with our souls. The happiness in every step of the way. I started this adventure I was not in the mood of representing the father role of saying one more thing, pointing another direction, painting a specific horizon, somehow always trying to have control.  Maybe, unplugging the fathersonian and let the friendship grow. My work as a father is finished. Everything I wanted to pass to him, it has been done during our previous life. The mind free, the reason and the emotion, the love and the tolerance, the responsibility and the competence, the adventure that life should be. He will know to decide what is good for him and what it is not.
And what kind of example gives my generation to theirs. A mediocre society, corrupt, with no shame at all, giving the example that crime compensate, the cheap talking works, selling friges in the Antartida is a way to go. We had in front of us the possibility of a magnificent period of sustainability, with the technological development that with intelligence we built, and that should lead us to a more sustainable, balanced and fair life. Building a world where the hard times our ancesters had to cross, was not to be repeated. Easy acess to all learning stages, justice for all, good health care, support in elderness. We dreamnt on that, started the way and suddenly, in the middle of the track… 

The only thing that have occured to us was to use the technology as a way to make a lot of money all of a sudden and we just blew the thing. Just like a child who cannot resist to swallow a full box of chocolates in the moment it is offered,and then be ill for the whole week.  

Now, there is the invoice to pay. And all the things we wanted to overcome are again pending over our own, and especially in the heads of our children. I´m really afraid that evrything ends up with everybody shooting everybody.
It is curious to notice that the global crisis of economics was provoqued by economists. To Miguel (studying economics in the university) i just have to say…
IT DOESN’T WORK. But he will know that better than me.


MAKTOUB - The world behind the Atlas from nunocruz on Vimeo.

Arrancamos de Marrakech em direcção a Foum Zguid, enfrentando o Alto Atlas e a sua magnifica e contrastante paisagem, em busca de um trajecto comum que nos enchesse a alma, embalados novamente pelo Nitin Sawhney (Nostalgia e Moonrise), cuja musica encarna perfeitamente o ambiente marroquino (pelo menos na maneira como eu o sinto).  Partilhava agora com o Migo, a vida, o quarto, o carro (cuja condução deixei para ele) e os trajectos. Sem preconceitos, sem falsos moralismos, sem planos muito marcados de contextos educativos/orientativos. Apenas deixando a alma e a mente fluir em liberdade, com as emoções à solta, com amor, tolerância e partilha pelas gentes com que nos fomos cruzando, enfim encontrando a felicidade em cada passo do caminho. À partida para esta viagem não tinha vontade alguma em representar o papel de pai aconselhando mais uma vez o filho, apontando-lhe um caminho para seguir, orientando-lhe o horizonte. Por isso não estabeleci nenhum Road-book de intenções. Não de todo. Queria apenas que fossemos duas pessoas caminhando a par num caminho com sabor a aventura, mais ou menos desconhecido para ambos. Cada um com a sua personalidade, cada um tirando o seu partido das coisas. Quiçá desfazendo a paternidade e construindo a amizade, porque o meu trabalho de pai, com ele, está praticamente concluído. Tudo o que queria verdadeiramente passar, foi sendo passado ao longo do tempo. O sabor da liberdade de pensamento, a razão e a emoção, o amor e a tolerância, a responsabilidade e a competência, e por fim a aventura que a vida deve ser. De tudo isso que lhe passei, ele saberá tirar o que lhe interessa e o que não.



Aliás, tenho reflectido muito sobre isso (antes e após a viagem) e não consigo acertar com a resposta. O que é que uma geração (como a nossa), que lentamente foi…

destruindo os valores, inertizando as vontades, afogando o pudor, eliminando as regras, comprando titulos, posições, poderes e (falsas) amizades,  enfim hipotecando o futuro da humanidade…

pode ensinar à geração seguinte que vai ter que resolver todo o problema com sacrifícios extremos?


Que exemplos dá esta geração que possam ser seguidos. Uma sociedade cada vez mais medíocre, mais corrupta, mais despudorada, dando o exemplo de que o crime compensa, a falácia dá resultado, a banha da cobra e a aldrabice são ferramentas eficazes. Tivemos na mão a possibilidade de um período áureo, com o desenvolvimento tecnológico que inteligentemente conseguimos construir e que nos deveria levar a uma vida mais sustentada, mais equilibrada mais justa. Tentando construir um mundo em que as dificuldades sentidas pelos nossos pais, e que nós próprios experimentamos na nossa meninice/adolescência, não se repetissem. O acesso ao ensino universitário, a velhice sustentada e apoiada, com qualidade de vida, a saúde para todos, a justiça para todos. Sonhamos com isso, empreendemos o trajecto, mas de repente…
…tudo o que conseguimos aspirar fazer com a tecnologia foi usá-la para fazer muito dinheiro muito de repente. Fruto de uma galopante e desmesurada ambição material, atiramos com isto tudo para um poço sem fundo desequilibrando de um dia para o outro tudo quanto tínhamos construído atrás. Que nem uma criança que não consegue resistir a comer uma caixa de chocolates inteira na primeira hora e depois fica uma semana doente.
E agora a factura está aí, para pagar todinha. E tudo quanto enumerei acima, vai cair de novo ao ponto de partida do que queremos evitar. Temo que isto vá acabar com tudo aos tiros.
Não deixa de ser curioso estarmos na maior crise económica do pós-guerra, precisamente quando o poder económico se sobrepôs ao poder politico, demonstrando uma estranha incompetência neste domínio. A ele, Miguel, que estuda economia na universidade, digo-lhe apenas…

ASSIM NÃO DÁ. Mas ele saberá isso muito melhor do que eu.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um brinde...!
teu testemunho de um saber estar presente
prenhe de amor e de afecto,
de quem sabe dar e receber
neste "baloiço" em desiquilíbrio,
cheio de desencanto,
empobrecido de consciências...
há sempre tempo para amar,
para olhar
para ouvir
para sentir...
E, assim, poder dizer-te
é bom "estar contigo"
no sereno passar de cada dia...

Nica

Anónimo disse...

Mais uma vez, a tua "Viagem" e'tao paralela á minha, apesar da distancia (geografica), das diferencas (tu "solar", eu "lunar"), ...
Gostava de poder ter a tua "descontracao" enquanto "progenitor"(porque acredito sinceramente nela...), mas encontro dificuldades em po-la em pratica ("circunstancias"...?).
Vi ha'uns dias o "The sheltering sky" do Bertolucci, muito em sintonia com a vossa(/ nossa) viagem...
Uma das coisas que gosto ao ver um dvd em vez do filme no cinema, sao"os ëxtras", as entrevistas com realizadores, actores, a historia por tras do filme...
Gostava de mencionar os "extras" que ai encontrei:
Debra Winger(in then role of Kit): "We're not tourists, we're travellers..."
John Malkovich (in the role of Port): "A tourist is someone who thinks about going home the moment they arrive.."
Kit: " Whereas a traveller may not come back at all..."
Um abraco do tamanho do Mundo (para Ti em especial, e para os Amigos que te acompanham nas tua Viagens, e que partilham o mesmo Espirito...)

Isabel

Nuno Cruz disse...

Nica

Já cá faltava a poesia que sempre diexas por aí.

Isabel,
bons extras. vou usá-los.

beijos às duas