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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Portraits of a Nomad Life

Acredito, de há muito, que a vida é feita de percursos, para onde converge e donde diverge um variado e enorme conjunto de pessoas que pintam a tela da nossa vida. Umas tem mais cor, outras mais intensidade, e outras que nem se notam e fazem igualmente o quadro. A arte de viver está em saber aproveitar essas partilhas na sua essência e no momento em que elas se dão. Foi assim, com o meu titicos Duarte (Bravo de Faria) que por várias vezes entrou e saiu (fisicamente) da minha vida, ficando de cada vez uma indelével marca na minha personalidade e maneira de saborear a vida.
A nossa história cruza-se primeiro em percursos de aprendiz. Eu aprendiz de escola primaria e o B-A-BÁ, ele um aprendiz universitário com um outro B-A-BÁ. Os dois vivendo sobre o mesmo tecto, com ele amaciando um "reino" clássico e conservador, envolto pela musicalidade e a filosofia do Flower Power. O quanto isso emprestou à minha forma de ver as coisas, com os Beatles (e esse fabuloso Abbey Road), Procol Harum, The New seakers, Simon & Garfunkel, Janis Joplin, Pink Floyd entre tantos outros. Sinto pena, por vezes, que a geração que está por detrás de tudo o que vivemos agora é exatamente essa. Quão abruptamente cairam aquelas convicções!?

Á saida deste tempo, antevendo (ou talvez lançando?) o meu espirito inquieto, deixou-me 300 postais de paises desse mundo sabendo que eu lhes daria destino, na colecção (+ de 6000 postais hoje em dia) e na mente. Depois fomo-nos vendo por aí, ate´ao dia em que me aparece com um diaporama (exatamente no mesmo formato que publico agora) na altura em que eu mudava para a fotografia digital, dando-me uma arma de comunicação fabulosa (pelo menos para a maneira como eu sou). Fiz uns quantos filmes, contei umas quantas histórias, enfim partilhei o melhor as minhas emoções, baseado nas fotografias que fui tirando por esse mundo no meu caminho errante. E no que deu isto tudo?...
...na oportunidade de fazer uma exposição diaporamica (Biblioteca Almeida Garrett, Palácio de Cristal no Porto), em que o filme na entrada simbolizava o Porto de Abrigo, de onde se parte e aonde sempre se chega) e era dele, aquele que apresento abaixo. Quão fantástico foi aquela coisa que fizemos ali. (ver agora o filme)

O Meu Porto de Abrigo from nunocruz on Vimeo.


Mas o mais estava ainda para vir.

Não sei lá porquê, porque nunca me senti merecedor, com as suas serenidade e a persistência firme, decidiu despender tempos importantes comigo na experiência da última caminhada, no momento em que o meu doutoramento se encontrava no seu términus. E a "duas mãos" fizemos os nossos filmes salpicados por conversas e passeios coloridos, lindos de morrer.
Desejei muito tê-lo no dia da minha dissertação, ele desejou muito estar lá. E por tanto desejar, nesse dia lá estava ele lá sentado, sorridente, passando toda aquela serenidade para a minha exposição. Saí-me lindamente, tá claro. Coisa linda do destino essa de fazer coincidir a data de defesa da tese com o dia do seu aniversário.
Depois disso, estivemos ainda uma vez mais juntos, num dia ensolarado de Agosto, tomando café na Brasileira e depois subindo os Clérigos até aos serviços académicos para "encomendar" o meu diploma. Mais tarde percebi que ele se despedira de mim naquele dia.

No fim de tudo, com a surpresa de sempre, vou descobrindo o embrulho que ele me deixou nas mãos para ir dando andamento, envolto pela semente que ele plantou em mim, de que...

...Com a Morte não se Chora,
Celebra-se a Vida.

De entre os filmes que "produzimos" nesse tempo de convívio, escolhi o que aqui deixo, para ilustrar o meu passeio contigo, meu titicos.

É o meu sorriso para ti. Tenho a certeza que vais gostar deste

8 comentários:

Anónimo disse...

'Com a Morte nao se chora... celebra-se a Vida!", porque... "I don't belong here" (Lindo Texto, Linda Mus(ic)a, extremamente Bonita a Homenagem que lhe prestas... Bem Hajas!).
O Tio Duarte andava a fotografar o Ceu... talvez por saber que esse e'o Lugar a que verdadeiramente pertence! Saber que ele La' se encontra da'-me a Paz que necessito para "apreender" a sua Ausencia, na minha ausencia...embora de Longe tenha acompanhado a sua Bonita (mas dificil) Viagem!
Quando olho para o Ceu estrelado, contemplo a beleza da sua nova morada, e digo-lhe o quao reconfortante e'saber que olha por nos.
Um abraco do tamanho da Alma

Isabel

Anónimo disse...

Pela leitura desta tua tão sentida quanto bonita homenagem ao teu tio Duarte é que tomei conhecimento de que ele já partiu... Recebe um forte abraço de condolências.
Pela prosa e pelos filmes do teu lindo Porto (de abrigo), os meus parabéns. Gostei verdadeiramente.
Abraços.
Inácio
PS. No meu computador esse teu "trabalho"aparece repetido por duas vezes. Não será problema da origem?

Anónimo disse...

cJá não aparece repetido.

Anónimo disse...

Linda!...
Absolutamente linda!...de tão sentida, tão verdadeira.
"Retalhos da minha Cidade"
Por isso àquela hora ribeirinha do primeiro anoitecer,olho o CÉU...
Nica

Nuno Cruz disse...

Minha gente boa, Isabel, Inácio, minha Nica.

O meu titicos e eu. Entretanto tornei o texto mais fluido, melhor, espero eu. Se tiverem oportunidade releiam

Anónimo disse...

O texto melhorou. Ja estava bom!
Teu titicos adorava-te.
Nica

Nuno Cruz disse...

brigade, niquita

Anónimo disse...

O texto ficou sem duvida "mais fluido" em pequenas partes onde essa fluidez faltava (sei que a tua semana tambem foi caotica,Bem Hajas por teres arranjado tempo para lhe dares esta "Despedida" na altura em que iniciou a "Sua Viagem Ascendente"...!). As pequenas correcoes deixas-te para mais tarde, e acho que fizeste bem! A Mim, pessoalmente, fez-me muito bem ler os teus textos e ver os teus/vossos diaporamas... deu-me Paz, num periodo de alguma inquietude...!Obrigada!
Isabel