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sexta-feira, 13 de julho de 2012

MAKTOUB - Erg Chegaga


And there were we, entering the land so desired for all the expedition mates. The troubling Dakarian routes with wide horizons and disguised tracks and the emotion of driving in the dunes, towards a very fine camping ready for us, planted in the heart of Sahara, in the Erg Chegaga. This, after some misadventures that made us loose our 4x4 vehicle and redistribute people and bags for the other 5 vehicles of the expedition. Never mind, misadventures are definitively part of the adventure, and we were promised to have it back next day in Zagora.
From that day, the strong registration is related to the movement through that magnificent and inspiring landscape as well as the people that incredibly crossed our way coming out from nowhere (so usual in that part of Morocco), until we felt down on the sand in the clearance between tends where we would sleep later. Letting ourselves to be trespassed by the sun, the sand and the happiness, emerged once again by the incredible versatile music of Nitin Sawhney (Prophesy, Footsteps e Nadia). A good fortune, the chance of simply being there. I have with me the conviction that the desert, the ocean and the iced land of Polar circle (i was there a decade ago) have something strongly in common – the possibility that those environments generate for you to be with yourself. Even if you are among other people, you will be touched by that pleasant loneliness in deepest part of your soul. As consequence, it came to my mind the rush we are forced to live nowadays, leading to a life lived in a glimpse and denying the possibility of properly tasting it. That will be not worthy. I am quite certain.
There is always a time to rush and a time to stop, a time to make the effort and a time to rest, a time to do and a time to reflect and to do it again. Think about that.


MAKTOUB - Erg Chegaga from nunocruz on Vimeo.

E ai estávamos nós, entrando no terreno tão desejado por toda a expedição. Por entre as trepidantes pistas Dakarianas com horizonte largo e trajectos pouco assinalados e a emoção de conduzir em duna, lá chegamos a um acampamento preparadinho para nós, plantado em pleno Sahara, no Erg Chegaga. Depois de algumas desventuras, que para haver aventura tem sempre de haver desventura, que nos fizeram ficar apeados (junta da colaça à vida no nosso Jeep) e obrigaram a uma redistribuição nossa e da nossa bagagem pelos restantes jeeps da expedição, lá chegamos ao Erg Chegaga. Do jeep, ficava a promessa de recuperá-lo no dia seguinte em Zagora.
Desse dia fica sobretudo registado o movimento através daquela paisagem e das gentes que nos saltaram ao caminho vindos do nada (é incrível como num terreno arido e plano onde não se vê ninguém, mal se pára, logo silhuetas andantes se recortam no horizonte) até cair na areia da “praça” central delimitada pelas tendas onde haveríamos de dormir. Indolentemente, deixamos o sol e o vento trespassar o nosso corpo e a magnífica e serena paisagem do deserto emergir nos nossos olhos até lá bem fundo na alma. Tudo, uma vez mais acompanhado com a incrivelmente versátil musica do Nitin Sawhney (Prophesy, Footsteps e Nadia).
Fluiu a conversa descontraída, o riso e a felicidade plena de simplesmente poder estar ali. Tenho para mim que o deserto, o mar alto e as estepes geladas do círculo polar (onde estive há uns 10 anos atrás) tem um ponto comum. São locais em que cada ser individual se encontra com a sua mais profunda existência. Até pode estar em grupo, que essa agradável solidão assalta-nos da mesma forma. Com efeito, a imensidão desses locais  emana uma essência que tudo atravessa até se instalar no nível mais profundo (inconsciente) do ser humano, devolvendo-lhe a identidade plena.
Um dia como esse traz à mente a pressa em que cada vez mais somos impelidos a viver o dia-a-dia, que nos consome a vida num ápice e que nos impede de saborear devidamente a nossa existência. Definitivamente, NÃO VALE A PENA DESPEDIÇÁ-LA DESSE MODO..
Há sempre um tempo para correr e outro para ficar parado, um tempo para esforçar e outro para descansar, um tempo para fazer e outro para reflectir e outro ainda para fazer de novo. Pensem bem nisso.

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