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sábado, 6 de outubro de 2012

ISLANDS OF HOPE - Melting Bloods

The history can be told in a couple of sentences, with the intensity with only simple things can achieve.
They were grown together. Maria, white skinned, daughter of a rich land owner, and Tito, a black son of a servant of the house. Red, the blooth of both, that sustained their life together, with laughs, immense adventures, ideals and everything that can come up from the ingenuity so typical and so good of childhood and youth. And one day, unavoidably, a child was generated from the love of both. Maria´s father, a decent and fair man, lost control and killed Tito, shooting his head, in a instinctive instantaneous decision…

Maria give him back to the same ground they´ve always stepped within their happiness, sadly smiled at is father one last time and moved on to the interior of the island to give birth to the first mestizo in Cape Verde. Facing love and the hate, grief or sorrow, she had the freshness of spirit to decide for the earlier. Although she never have met him again, Maria loved is father until her final breath, melting him with Tito in her heart. And by heart she thaught is son Amor (Love, in Portuguese) to leave his life.

The father, somehow following this spirit, after overcoming the sorrow and the guilt, has dedicated is money and his life freeing slaves and fighting racial discrimination. He would die assassinated defending a slave. In the exact moment he was dying he knew he had honoured Tito e Maria.

Amor had received all this love in his soul and flew it through their future generations, not missing a single one. Until Secundino, the guy that in one afternoon set there in Cacuto (Santiago Island) having some beers (Noivas) and told me this magnificent story with the pride of descending from that love and to be a vehicle for its spread around.

I was overwhelmed by this history that in a way follows the history of Cape Verde. Born from slavery trade with some dark spots of suffering in colonial times, such as Tarrafal concentration camp (which ironically is located in a very beautiful and peaceful piece of nature), this people have known how to flourish the land they loved and at the end they have conquered their right to it. These were the true settlers of the archipelago, as their history proves. And they made a very beautiful country, marked by colour, music and joy, where the hate frequently drowns. An all of those that wanted to take without giving, remain more and more with nothing, as it happens with us, Portugal, actually.

It seemed perfect to choose the music of Mayra Andrade (Dimokransa), Cesária Évora (Bondade e Maldade) e Tito Paris (Morna P.P.V), singing the society and the human heart. With the mind (in the wise words) and with the heart (music).


ISLANDS OF HOPE - Melting bloods from nunocruz on Vimeo.

A história conta-se em duas penadas, com a intensidade que só as coisas simples podem almejar atingir.

Cresceram juntos. Ela, Maria, branca de raça, filha de um abastado proprietário agrícola português, Ele, Tito, negro de cor, filho de uma criada da casa. Vermelho, o sangue de ambos que os levara a crescer rindo (juntos), nas imensas brincadeiras, aventuras e ideais, que surgem da ingenuidade (tão boa) própria da meninice, adolescência e juventude. E naturalmente, inexorável um amor cresceu até que um dia a gravidez apareceu. O Pai, pessoa justa e generosa, descontrolara-se com a situação, matando Tito com um tiro na cabeça desferido num instintivo instante decisivo…

Maria, devolveu Tito à mesma terra onde as suas vidas tinham germinado e com um último sorriso triste atirado em direcção ao pai abalara para o interior da ilha para dar à luz, longe dali, o primeiro mestiço da ilha. A esse filho, nascido daquele amor tão bom que lhes misturara os sangues chamara-lhe Amor. E ensinar-lhe-ia a vida no amor, na bondade, na partilha, na tolerância, na solidariedade afogando todo o ódio que dali pudesse resultar. E embora não o voltasse a ver, amara até ao fim dos seus dias o pai que lhe roubara o amor, misturando-o com Tito no seu coração, e a amar ensinara também Amor.

O pai, como que seguindo o desígnio de Maria, após o luto da dor e do desespero, aceitara as circunstâncias do que aontecera, e com amor dedicara a sua vida e o seu dinheiro a combater a escravatura e a discriminação racial. Acabaria a morrer para salvar um escravo, sentindo no momento em que morria, ter honrado a Tito e Maria.

Amor receberia toda essa vida das mãos de Maria encarregando-se de a fazer fluir para a sua descendência, o que viria a acontecer, de geração em geração, sem falhar nenhuma. Até chegar a Secundino, aquele que num final de tarde se sentara comigo beberricando umas cervejitas “noivas”no Cacuto (Ilha de Santiago) e me contara esta história com o orgulho de descender desse amor e de poder manter vivo o legado de Maria.

Eu senti-me estarrecidamente embebido por aquela história, que afinal se confunde com a própria história do País. Com efeito, o arquipélago era absolutamente despovoado de gente quando os Portugueses ali se instalaram e fundaram a primeira cidade europeia nos trópicos – a Ribeira Grande, na ilha de Santiago. A cidade, e depois o arquipélago, foram construidos muito à custa do mais hediondo dos crimes da história da humanidade – a escravatura (incrivelmente suportado pela própria igreja), foi alvo da cobiça dos piratas (Francis Drake andou por ali), viu novamente a história marcada por outro impensável “feito” do ser humano – a limitação da liberdade humana no campo de concentração do Tarrafal (ironicamente instalado numa zona de inegável harmonia e beleza). Mas foi sobre esse sofrimento dos difíceis traços históricos que se deitou o amor à terra e daí desabrochou um país identitário com quem realmente o fez. Eivado pela côr, pela música, pela alegria em que os ódios acabam sempre por se afundar. Não posso deixar de pensar no contraste dessa evolução histórica com o momento actual dos povos (como o nosso) que os escravizaram e colonizaram e que mercê de tanto quererem tirar se vão quedando sem nada. Talvez por todo este contexto, me pareça apropriado usar as palavras e o coração cabo-verdiano. Mayra Andrade (Dimokransa), Cesária Évora (Bondade e Maldade) e Tito Paris (Morna P.P.V) cantam a sabedoria insuspeita que emana dessa história projectada na sociedade, no ser humano e no sentimento (respectivamente). Nas letras com a razão, na música com a emoção. Tão cristalino, não é? (Se não entenderem a letra procurem as traduções, que valem mesmo a pena).

1 comentário:

Anónimo disse...

Por isso andas tao "silencioso" (embebido na "tua Obra"...)...!

Este passou a ser o meu "Filme"preferido dos que ate'agora fizeste (ou pelo menos fica nos "Top 3" a partilhar o 1o lugar!))

Acredito na "Historia do Secundino" (e dos seus Antepassados) e o modo como nasceu (o) Amor... Poderia ser uma historia lindissima "inventada por ti"(como so'tu as sabes contar!), inspirada "algures (ou em Alguem...")"... Mas as imagens que os olhos da tua Alma escolheram ver e mostrar, as Cores, os Sorrisos (ja'alguem viu um sorriso mais bonito que o destes Cabo Verdiano(a)s???), a Musica, a Nostalgia e a Beleza Natural, a Paz e a Alegria numa "juncao perfeita..esses sao "os legados" de Maria, Tito e do que construiram juntos (Amor)e perduram nos tempos...
Lindo, Lindo, Lindo...!!!

Um abracinho sincero

Isabel